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Angola: UNITA denuncia “terrorismo de Estado” após incidente com militantes do MPLA

A UNITA, oposição angolana, denunciou hoje a existência de “terrorismo de Estado e prisões arbitrárias” de 35 militantes do partido, no município de Sanza Pombo, província do Uíje, na sequência de conflitos com militantes do MPLA (no poder).

As alegadas prisões arbitrárias de militantes da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido na oposição angolana, surgem no âmbito de confrontos, registados no sábado passado, supostamente com militantes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975).

Segundo o secretário-geral da UNITA, Álvaro Chikwamanga Daniel, os incidentes registados no sábado, em Sanza Pombo, tiveram origem no seio de militantes do MPLA que “tentaram inviabilizar” um ato de celebração dos 56 anos do seu partido.

“O que aconteceu em Sanza Pombo faz parte de uma estratégia do executivo e do partido que o sustenta (MPLA) para criar medo nas populações e confundir a opinião pública. Tal estratégia não será correspondida nunca pelos patriotas ávidos da alternância”, afirmou hoje o responsável em conferência de imprensa, em Luanda.

Para Álvaro Chikwamanga Daniel, a “sobreposição de atos do MPLA aos do seu partido” constitui a causa principal dos incidentes de Sanza Pombo, que resultaram até hoje na “detenção arbitrária de 35 militantes da UNITA inocentes, quando os algozes andam à solta”.

O que está a acontecer em Sanza Pombo, frisou, “é um terrorismo de Estado”.

“O que está a acontecer no Uíje é terrorismo de Estado, prender as pessoas à meia-noite, temos uma senhora da Lima (Liga da Mulher Angolana), braço feminino da UNITA, que só ontem é que o seu bebé lhe foi entregue na prisão”, denunciou.

Nas redes sociais circularam imagens que retratam os incidentes de Sanza Pombo, que terão resultado também em feridos e na vandalização da emissora municipal da Rádio Nacional de Angola (RNA).

O secretário provincial da UNITA no Uíje, Félix Simão Lucas, apresentou, na ocasião, fotografias que retratam o confronto de sábado, com alguns feridos e danos materiais, referindo que o MPLA se sobrepôs ao ato da UNITA, previamente comunicado às autoridades.

Félix Simão Lucas deu conta que os ataques aos militantes da UNITA, supostamente protagonizados por membros do MPLA, começaram à entrada do município de Sanza Pombo, com barricadas nas estradas, e nas aldeias circunvizinhas onde os militantes do seu partido foram apedrejados.

“Não é verdade que foram militantes da UNITA que vandalizaram a RNA, porque estes fugiam apenas das pedras que eram arremessadas, aliás, dizer também, que alguns feridos da UNITA foram resgatados pela polícia”, frisou.

O também deputado da UNITA, eleito pelo círculo provincial do Uíje, norte de Angola, afirmou ainda que o MPLA agendou no mesmo dia uma atividade a nível do município com intuito de abafar a atividade dos “maninhos”.

O atual cenário em Sanza Pombo, um dos 16 municípios da província, foi descrito pelo secretário municipal da UNITA, Manuel Gomes Virgílio, como preocupante por existir uma “caça ao homem”.

“Até hoje há caça ao homem, as casas e os comités da UNITA estão a ser destruídos”, relatou.

Questionado se a UNITA teme mais atos do género com o aproximar das eleições gerais, previstas para agosto próximo, Álvaro Chikwamanga Daniel disse “não ser desejável que o clima continue a agravar-se até às eleições”.

O que é desejável “é que as pessoas tirem lições no que já aconteceu para evitar que o pior venha outra vez a surgir. Não é desejável que este clima continue assim até às eleições”, disse.

Mas, notou, “a história diz-nos que sempre que o MPLA esteve numa situação desconfortável, como a que vive hoje, o recurso foi sempre a violência e a confusão, foi sempre assim nos anos anteriores”.

“Portanto, rogamos que a situação não se agrave e apelamos às entidades, ao Presidente da República, que é o garante máximo da paz e da estabilidade, que seja ele primeiro apelar à não violência”, exortou.

“Ele é Presidente da República e do MPLA, [deve] dizer aos militantes que não vão para a violência, não é este o caminho. Agora é tempo de paz, tempo de convivência pacífica”, rematou.

A Lusa contactou o MPLA sobre os incidentes, mas até agora não obteve qualquer resposta.

 

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