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Angola: Líder da UNITA acusa “administradores e governadores provinciais” de incitarem à violência

Líder da UNITA acusa administradores e governadores provinciais de incitarem à violência. Adalberto Costa Júnior apela aos militantes do seu partido que não escorreguem nessa “casca de banana”. “Ambiente político piorou”, diz Adalberto Costa Júnior

O Presidente angolano recebeu, esta sexta-feira (01.04), em audiência, o líder do maior partido da oposição, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA). Foi o primeiro frente a frente entre João Lourenço e Adalberto Costa Júnior depois dos congressos do MPLA e da UNITA, em dezembro passado, que os elegeram como líderes dos seus partidos.

Em entrevista à DW África, Costa Júnior diz que o encontro com o chefe de Estado foi positivo e serviu para “refletir sobre a necessidade de correção dos escandalosos desvios da legalidade”, numa altura em que o país se prepara para a realização de eleições gerais, em agosto.

O líder da UNITA acusa os administradores distritais e governadores provinciais de promoverem “conflitos” entre os membros do seu partido e do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), como o que aconteceu recentemente na província do Uíge.

DW África: O que levou na bagagem, como grandes preocupações, para este encontro com o Presidente da República, João Lourenço?

Adalberto Costa Júnior (ACJ): Era uma opinião generalizada em Angola que a inexistência de diálogo institucional em nada estava a ajudar a abordagem da transição para as eleições. Nós temos vivido, ao longo dos últimos meses, uma perda da qualidade de referentes democráticos no país através, por exemplo, de uma absoluta censura na comunicação social pública, inexistência de entrevista ao presidente da UNITA, inexistência do contraditório. E naturalmente que este ambiente não conjugava para um bem-estar ou mesmo um ambiente psicológico para o momento que o país vive.

DW África: Qual a impressão com que ficou quando apresentou, como líder da UNITA, esta preocupação ao Presidente da República?

ACJ: A gestão política e a responsabilidade dos atos compete efetivamente ao Presidente da República, e foi uma boa oportunidade para refletirmos na absoluta necessidade de correção dos desvios grandes e escandalosos… Eu diria mesmo que o que estamos a presenciar até aqui é pior do que o ambiente político da abordagem das eleições de 2017 ou de 2012. Eu espero, com muita sinceridade, que possamos ter iniciado uma inversão destes comportamentos. Espero que, depois destas audiências, os órgãos públicos nos comecem a tratar com as mesmas oportunidades que tratam o MPLA.

DW África: O Presidente deu alguma garantia para que depois das eleições não haja conflitos?

ACJ: Aqui não se trata de uma questão de garantias. Angola tem vindo a dar indicadores de que existe interferência política no judicial, inexistência de independência de poder judicial. Eu não procurei garantias do Presidente, porque não devo ter garantias do Presidente. O poder executivo e o poder judicial não deveriam ser dependentes um do outro, e, portanto, estas anotações, a audiência que teve lugar hoje, são consequência de muito movimento que se fez na sociedade nacional e internacional.

DW África: Tem havido confrontos entre militantes da UNITA e do MPLA.  Como vê estes acontecimentos já próximos das eleições e o que poderão representar no pós-eleições?

ACJ: O que lhe posso afirmar é que a violência é uma casca de banana que nos querem colocar no percurso. O presidente da UNITA tem-se desdobrado a repetir para dentro do partido a mensagem de não colocarmos o pé nessa casca de banana.

DW África: E quem são os responsáveis?

ACJ: Quem marca comícios simultâneos para o mesmo lugar é quem deve ter a responsabilidade. E quem faz isto são os administradores, são os governadores provinciais. É óbvio que estes senhores estão a promover uma oportunidade de conflito.

 

 

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