A decisão do Governo angolano de suspender os salários dos médicos em greve, alegando ter cumprido os pontos do caderno reivindicativo da classe, está a alimentar o sentimento de revolta entre os sindicatos da classe de trabalhadores, a nível do país.
A suspensão dos salários dos médicos angolanos, em greve desde 21 de Março, segundo as autoridades, tem fundamento legal pelo facto destes profissionais, à luz da lei da greve, estarem com o vínculo jurídico-laboral suspenso após declararem a paralisação.
O contra-ataque desencadeado pelo Executivo, através do Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, é visto pelos sindicatos como um recurso que visa neutralizar a crescente onda grevista, que tem na liderança os sectores da saúde, educação e da justiça.
A este movimento se juntam os trabalhadores dos transportes públicos, que ameaçam também cruzar os braços, para além do sector do desporto.
“Os professores do ensino superior público que observaram uma greve de três meses retomaram, regressaram às aulas nesta por um período de um mês, enquanto decorrem as negociações”.
Alguns analistas consideram tratar-se de um recuo do sindicato, temendo a suspensão dos salários, à semelhança da classe dos médicos.
Em conferência de imprensa, a ministra da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social “foi clara em afirmar que já houve bastante tolerância do Governo e que a suspensão dos salários dos trabalhadores em greve é a decisão que pode ser para todos”.
Teresa Dias anunciou a preparação de outras soluções para preencher o vazio deixado pelos grevistas, porque considera que é a vida do cidadão que está a ser posta em causa.
Os sindicatos reagem, descartam qualquer aproveitamento do facto de o país estar em época de pré-campanha eleitoral, acusam o Governo de impedir um direito constitucionalmente garantido e de não levar em conta os trabalhadores.