A UNITA acusa militantes do partido no poder de perseguirem e agredirem os seus membros na província do Huambo. O MPLA desvaloriza as alegações e diz que a UNITA gosta de se fazer de vítima.
A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) diz que os seus militantes estão a ser impedidos de realizar ações político-partidárias nas zonas onde residem, na província do Huambo.
O maior partido da oposição em Angola denuncia perseguições, agressões e, em alguns casos, até mesmo expulsões de residentes dos municípios da Caála, Ucuma e Londuimbali, tudo alegadamente por militarem no “Galo Negro”.
“Da cronologia dos atos de intolerância política ocorridos desde o princípio deste ano, é notável a tendência crescente dos mesmos e o seu grau de violência à medida em que nos aproximamos das eleições”, previstas para agosto, disse esta quarta-feira (20.04) a secretária provincial da UNITA no Huambo, Navita Ngolo, em conferência de imprensa.
De acordo com Ngolo, o “discurso dos membros do partido no poder tem subido de tom e de agressividade, acompanhado dos atos de intolerância política a nível nacional”.
“UNITA vitimiza-se por tudo e por nada”
Ouvido pela DW África, o secretário do comité provincial do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) do Huambo, João Kalupeteca Chieva, desvalorizou as acusações da responsável da UNITA.
“O que se passa hoje é que a UNITA se vitimiza por tudo e por nada”, afirmou Chieva. “Todo o problema que acontece na comunidade é atribuído ao MPLA, que, para eles, é o responsável por todas as desgraças que a UNITA tem hoje, e não se lembram do passado histórico que deixou para este povo.”
O secretário do comité provincial do MPLA refere que o seu partido é o “principal interessado” pela manutenção da paz social que o país vive.
Trocas de acusações antes das eleições
Em janeiro, o presidente do MPLA, João Lourenço, acusou os opositores de mandarem para as ruas “jovens descontentes” para “queimar pneus e partir vidros de carros”, após a destruição da sede do partido no Benfica, durante a greve dos taxistas de Luanda. Os “maninhos” refutaram as alegações.
Navita Ngolo, secretária provincial no Huambo e deputada da UNITA na Assembleia Nacional, fez saber esta quarta-feira que o seu partido não vai responder a provocações com violência.
“A UNITA não cairá nas armadilhas que possam pôr em causa o clima de paz e de reconciliação nacional conquistado com muito sacrifício, tendo Angola perdido milhares dos seus melhores filhos”, asseverou.
A responsável espera, porém, que as autoridades judiciais e governamentais façam cumprir a lei.
Já este mês, em entrevista à DW África, o líder da UNITA, tinha acusado os administradores e governadores provinciais de incitarem à violência. Na altura, Adalberto Costa Júnior também apelou aos militantes do partido para não escorregarem nessa “casca de banana”.