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Angola: Analistas sociais apelam “ao não aproveitamento político” da vulnerabilidade das pessoas nas eleições gerais

As medidas do Governo, segundo analistas, são bem-vindas, mas por serem tomadas num ano de eleições gerais, levam a alertar para os perigos da retirada de dividendos políticos e eleitoralistas.

O povo angolano vai às urnas em Agosto pela para escolher pela quinta vez os seus governantes e representantes na casa magna das leis.

O percurso, entretanto, até às eleições gerais tem fortes marcas da pobreza social que grassa o país, por isso analistas apelam para o não aproveitamento político da vulnerabilidade socioeconómica das famílias angolanas.

Um conjunto de acções com vista a melhorar a vida da população angolana tem sido realizada pelo Governo de João Lourenço.

Entre as acções que visam a mudança do quadro social do país constam o aumento do salário mínimo nacional e da função pública.

As medidas, segundo analistas, são bem-vindas, mas por serem tomadas num ano de eleições gerais, levam a alertar para os perigos da retirada de dividendos políticos e eleitoralistas.

A família deve tomar consciência sobre a sua importância dentro do contexto político, diz João Nicolau, antropólogo que defende a construção da consciência política a partir das famílias angolanas, de modo que estas percebam claramente os desafios que pretendem ver melhorados após as eleições gerais de 2022.

“A família deve se ver também como uma organização política. Ao se se olhar como uma organização política pressupõe saber responder aos desafios que todo este processo lhe vai oferecer.

A partir daqui precisamos começar a construção da consciência política a partir das próprias famílias”, afirma.

Nicolau entende que este modelo de famílias é possível no contexto angolano onde as famílias mais carentes enfrentam dificuldades de varia ordem.

“É possível sim, olhando para aquilo que eu designaria por solidariedade política, com base nas leituras feitas em Milton Santos”, diz.

Ao referir-se ao actual contexto político, económico e financeiro, o jurista e docente universitário M´bote Sebastião André cita alguns programas de ajuda para as famílias gizados pelo Governo com o objectivo de minimizar as carências sociais, porquanto reprova a ideia, segundo a qual este é modelo mais viável para se por fim a pobreza por que passam milhares de angolanas

“O que se deveria fazer é criar bases para empregabilidade dos membros das famílias. Com emprego as famílias criam formas de minimizar a pobreza”, salientou o advogado para quem “o programa de transferências sociais e monetárias – o Kwenda – implementado pelo Governo angolano, é apenas uma gota no oceano”, diante do conjunto de problemas que enfrentam as famílias angolanos sobretudo em ano de realização de eleições gerais.

Para aquele analista jurídico, existem em Angola actualmente muitos factores que colocam as famílias em situação de vulnerabilidade, pelo que sugere que o Estado elabore políticas que permitam a autossustentabilidade das famílias por meio de incentivos para criação de mais cooperativas agrícolas e de mais pequenas e médias empresas.

O antropólogo João Nicolau chama atenção, por outro lado, para necessidade das famílias terem uma base económica capaz de dar saltos positivos e de forma independente das iniciativas governamentais.

Este, na sua visão, deve ser o modelo de família que se deve alcançar após as eleições.

“Com métodos eficazes podemos chegar lá e o caminho primeiro passa por isso: continuar a gritar para que eles nos oiçam. Depois do grito criar e sugeri estratégias para juntos sairmos desta miséria que nos acutila a todos nós, porque a miséria hoje não é só em relação à fome, mas também, de consciência atrofiada”, defende aquele analista.

A aposta nos profissionais de ciências humanas como sociólogos, antropólogos, psicólogos, educadores sociais pode ser a melhor via para se encontrar a solução para os problemas que afectam as famílias angolanas, acrescenta M´bote Sebastião André, para quem não bastam promessas eleitoralistas, é preciso que o partido vencedor das eleições, que será parte do Estado, passe do discurso à prática.

 

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