A diretora executiva da Associação Lusófona de Energias Renováveis (ALER) afirmou hoje que Angola está a entrar no mapa das energias renováveis e que o passo seguinte será um maior envolvimento do setor privado neste mercado.
Isabel Cancela de Abreu, que falava à margem de uma conferência internacional sobre energias renováveis, em Luanda, elogiou o caminho que Angola tem feito neste domínio e salientou o interesse dos associados da ALER — empresas lusófonas — em promover o tema e participar em fóruns para falar sobre as oportunidades que existem.
“De há uns anos para cá, o Governo tem dado maior atenção a estes temas, acreditamos que os dados estão lançados e que o setor vai avançar a grande velocidade”, declarou a dirigente da ALER.
No caso de Angola, destacou que, além dos projetos já tornados públicos, “há muitas intenções de investimento” que revelam a existência de muitas empresas interessadas em desenvolver projetos de energias renováveis em Angola.
A ALER promoveu, em conjunto com a Associação Angolana de Energia Renováveis (Asaer), a conferência que decorre até quarta-feira, em Luanda, com esse objetivo: “Queremos divulgar o que é que já está a ser feito e quais as condições que são necessárias para que se continue o desenvolvimento de projetos, em particular com a participação das empresas privadas, o nosso objetivo é criar este debate”, explicou.
A dirigente da ALER afirmou que o Governo angolano tomou a iniciativa “e as empresas querem dar continuidade”, considerando que há um ambiente propício, mas é necessário garantir que condições favoráveis para que haja um investimento privado.
Alertou nomeadamente para a incapacidade do fornecedor de energia elétrica (ENDE) cobrar as dívidas ao consumidor final, agravando o risco, o que vai tornar mais caro o investimento.
“Como todos sabemos quanto maior o risco, maior o custo do investimento e os financiadores têm de ter garantias de que este risco vai ser mitigado, este é um grande desafio”, apontou, adiantando que a ALER integra um grupo de trabalho com o governo, juntamente com a Asaer para ajudar a mitigar esse risco.
O passo seguinte será lançar concursos.
“Neste momento, o Estado tomou a iniciativa e contratou empresas diretamente. O que nós gostávamos é que fossem lançados concursos para que haja condições de concorrência. Quando há concorrência e transparência, os preços baixam, porque são muitas empresas a concorrer para o mesmo serviço, para o mesmo produto”, sustentou.
A responsável da ALER adiantou que está também a ser preparado um regulamento da produção vinculada renovável, aplicável à produção de energia com base em fonte de energia renovável, com potência superior a 10 megawatts, que irá definir todas as questões normativas para então serem lançados os concursos.