O Presidente do governo regional do Príncipe, Filipe Nascimento, disse hoje, na Praia, esperar a retoma dos voos diretos da companhia angolana TAAG, considerando que são “estratégicos” para dinamizar as relações empresariais com Cabo Verde.
“Há uma grande esperança na retoma das viagens da TAAG, que ligam Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, num percurso triangular”, disse Filipe Nascimento na cidade da Praia, após ser recebido pelo presidente da Assembleia Nacional de Cabo Verde, Austelino Correia.
Há pouco mais de um ano Filipe Nascimento esteve em Cabo Verde, tendo na altura pedido o apoio dos empresários cabo-verdianos à industrialização daquela ilha e o aumento das exportações como alternativa ao turismo.
O dirigente disse que o repto continua de pé, mas considerou que o desafio que se coloca é a falta de uma ligação direta entre os dois arquipélagos, que contaria com apoio de Angola.
“Esta via, para nós, seja para São Tomé, seja para o Príncipe em particular, é extremamente estratégica e importante, porque é mais direto e também mais barato”, constatou Nascimento, que lidera aquela região autónoma de São Tomé e Príncipe desde agosto de 2020.
A transportadora aérea angolana TAAG realizava voos diretos de Luanda para a ilha do Sal, suspensos desde o início da pandemia de covid-19, não sendo conhecida qualquer intenção ou prazo de retoma.
Em março, os primeiros-ministros de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, e de São Tomé e Príncipe, Jorge Bom Jesus, apontaram a possibilidade de retoma das ligações aéreas diretas entre os dois arquipélagos envolvendo Angola, numa solução “tripartida” que garanta a “rentabilidade” da operação.
“Estamos a acompanhar com muita expectativa, estamos a olhar para isto como um indicador que irá estimular em grande medida essa relação empresarial”, considerou o presidente do governo regional do Príncipe, ilha onde cerca de 80% da população é cabo-verdiana ou descendente deste arquipélago.
Filipe Nascimento está em Cabo Verde a convite da Associação Nacional dos Municípios Cabo-verdianos (ANMCV), através da qual vai manter contactos com outras autoridades e empresários locais, sobretudo os ligados à transformação e conservação de produtos.
“Esperemos que, com a retoma em tempo oportuno de uma ligação mais direta, haja melhores condições para que empresários cabo-verdianos se aproximem do nosso mercado e escolham oportunidades de negócios, que também a seu tempo será vice-versa”, insistiu.
E garantiu que já há várias empresas cabo-verdianas “com intenção” e com necessidade de expandir o seu negócio para São Tomé e Príncipe, que disse tem fomentado a atração de investimento direto estrangeiro, sobretudo privado, para complementar as ações do Estado.
“Vejo potencial das empresas cabo-verdianas de se poderem internacionalizar e, havendo legislação propensa ao investimento, naturalmente que estamos sempre de braços abertos para receber os investidores que escolham, seja o país, seja a região autónoma do Príncipe em particular, para o seu investimento”, afirmou, esperando que esses “bons sinais” vindos de Cabo Verde sejam concretizados com a retomada das ligações aéreas diretas.
Além da questão empresarial, o presidente vai abordar com as universidades e estabelecimentos de ensino cabo-verdianos a possibilidade de retoma da mobilidade dos estudantes são-tomenses para Cabo Verde, que foi suspensa devido à pandemia da covid-19.
Também prevê a troca de experiência na gestão do território, gestão administrativa e financeira entre o governo regional do Príncipe e os municípios cabo-verdianos.
Filipe Nascimento é um jovem quadro natural do Príncipe, de ascendência cabo-verdiana e formado em Direito em Portugal, que durante vários anos trabalhou na Câmara Municipal de Oeiras.