Quer ser um Presidente com menos poder e menos partido. Se vencer as eleições, o líder da UNITA vai sanar conflito com família de José Eduardo dos Santos, alvo de “postura vingativa” de João Lourenço.
Com uma camisa colorida, uma hora antes de a trocar por uma outra branca, com apontamentos de verde e vermelho, os tons da UNITA, Adalberto Costa Júnior prepara-se para mais um comício. Está num dos bastiões do MPLA, a província do Cunene, em Ondjiva, a última cidade antes da fronteira com a Namíbia, que em tempo de colonos portugueses se chamou Vila Pereira d’Eça.
O principal adversário político de João Lourenço — o Presidente de Angola e do MPLA — já leva muitos dias de estrada, apesar de a campanha eleitoral só ter começado, no calendário oficial, no sábado, 23 de julho. E ainda tem muitos mais pela frente, até a vontade dos angolanos se manifestar nas urnas, no dia 24 de agosto. Até lá, não se cansa de falar na “nova Angola”, de repetir a palavra “alternância” ou de prometer “a reforma do país” de uma ponta à outra.
“Nós vamos tratar com dignidade e respeito o Presidente João Lourenço, assim que ganharmos às eleições”, revelou, anunciando que em 2020 aconselharam o Presidente João Lourenço a não perseguir os filhos do ex-presidente da República, José Eduardo dos Santos.
“Nós aconselhámos a não perseguir os outros. João Lourenço criou muitos inimigos internamente”, referiu, informando que foi a UNITA que propôs a Lei de repatriamento de capitais que o partido no poder não cumpre.
Disse que a UNITA propõe a eleição do Presidente da República fora das listas de partidos políticos.
“Abraçar a revisão da Constituição e devolver os direitos aos cidadãos, a começar pela eleição directa do Presidente da República, porque hoje não se sente obrigado a ir à Assembleia Nacional e justificar os seus actos, contrair empréstimos sem ir à Assembleia Nacional, aumentando o endividamento do País e sem justificar os gastos, o que penaliza o País”, disse.
Referiu que nas províncias onde passou, as estradas estão absolutamente destruídas.
“Nos últimos 10 anos foram gastos pelo Ministério das Obras Públicas mais de 18 mil milhões de dólares, na Casa Militar mais de 12 mil milhões de dólares, mas as estradas estão esburacadas”, notou.
O presidente da UNITA insistiu na publicação imediata da lista dos cidadãos registados em Angola e no estrangeiro, no âmbito das eleições gerais de Agosto.
“Até aqui as listas não foram publicadas, isto é não é fraude?”, questionou.