Quebrar tabus e uma mão cheia de promessas foram os trunfos que o Presidente angolano e recandidato ao cargo voltou hoje a lançar perante os apoiantes, em Luanda, onde fez o comício de encerramento da campanha.
A quatro dias das eleições em que os angolanos vão escolher um novo Presidente da República, João Lourenço, que se candidata a um novo mandato, saudou os observadores eleitorais e a imprensa internacional presente, declarando que “são bem-vindos para virem confirmar a vitória do MPLA e do seu candidato”.
O recandidato aproveitou para falar sobre os tabus que rompeu e insistir nas reformas feitas, que disse serem “passos concretos” e não propaganda política.
Entre estes congratulou-se com a “maior liberdade de expressão, de imprensa e de manifestação,” que disse ter alcançado como consequência da grande abertura feita em 2017 quando se tornou Presidente da República, sucedendo a Jose Eduardo dos Santos.
Um mandato em que se romperam também outros “tabus” como o da luta contra a corrupção, sublinhou, afirmando que, “antes, ninguém podia tirar do papel esta orientação do partido que era antiga” e que o executivo do MPLA tomou medidas muito corajosas e que estão a provar ser as mais acertadas, apesar de ter encontrado várias “resistências”.
“Somos angolanos exatamente iguais” disse também a propósito do direito de voto que nas quatro eleições passadas foi negado aos cidadãos que se encontram na diáspora e que poderão exercer, este ano, pela primeira vez, nas eleições gerais marcadas para 24 de agosto.
E afirmou que nas próximas eleições o número de países abrangidos será maior, antes de continuar a apresentar as “muitas reformas” no plano politico e económico alcançadas no atual mandato e enunciar promessas que pretende concretizar se for reeleito.
João Lourenço “piscou” também o olho às mulheres e aos jovens, que constituem a maior fatia do eleitorado angolano, garantindo que o seu programa tem soluções para todos.
Esta manhã soube-se da chegada a Luanda dos restos mortais de Jose Eduardo dos Santos, falecido a 08 de julho em Barcelona, depois de uma disputa familiar que foi decidida por um tribunal espanhol.
No seu discurso, o Presidente angolano não fez referência à chegada dos restos mortais do seu antecessor nem fez qualquer ataque direto à oposição, ao contrário do que tinha feito nos comícios anteriores.
Em ambiente de festa, que antecedeu a chegada de João Lourenço, ‘hits’ dos artistas do momento, intercalados com o slogan “MPLA A Força do Povo” e palavras de encorajamento exortando “à vitoria” em tom triunfal mantiveram a multidão entretida.
Simpatizante e militantes trajavam de vermelho, preto e amarelo, as cores do partido que coincidem também com as da bandeira de Angola, mostrando apoio ao “8”, o número que calhou ao MPLA no boletim de voto onde estará acompanhado de mais sete forças partidárias na que se prevê seja uma das eleições mais renhidas de sempre.
Em conversa com a Lusa, alguns jovens que se encontravam no local admitiram que há vontade de mudança, mas acreditam que é o partido do “8” que vai conquistar a vitória nas eleições, destacando que é o único que pode cumprir o programa do governo e que João Lourenço merece mais uma oportunidade para manter o MPLA, que governa Angola desde a independência, em 1975.