Autoridades navais de Portugal e Angola enalteceram hoje a presença do Navio Patrulha Oceânico NRP “Setúbal”, atracado desde quarta-feira no Porto de Luanda, no âmbito da missão “Mar Aberto”, assinalando o estreitamento da cooperação entre ambas marinhas.
O NRP “Setúbal”, que desde quarta-feira chegou a Angola na região do Ambriz está já na capital angolana e já desenvolve ações juntamente com a Marinha Angolana de treinamento, formação e troca de experiências no âmbito da segurança marítima.
A tripulação recebeu hoje a visita oficial de entidades portuguesas e angolanas, sobretudo ligadas à marinha angolana e portuguesa, bem como outras individualidades diplomáticas, que foram informadas sobre as valências e funcionalidades do navio da Marinha Portuguesa.
Nuno Chaves Ferreira, comandante naval da Marinha Portuguesa, recordou que a missão “Mar Aberto” materializa o compromisso do Estado português no âmbito dos compromissos internacionais assumidos por Portugal com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
“Esta iniciativa é levada a cabo no sentido de fomentar e dinamizar a cooperação com os países da CPLP e está virada para diversos aspetos, mas em particular para a segurança marítima, nomeadamente no Golfo da Guiné”, disse aos jornalistas.
Assinalou que todos os anos a Marinha Portuguesa projeta um navio: “Este ano vai projetar dois navios, ou seja, o NRP “Setúbal” e um submarino arpão que atualmente se encontra a atravessar o atlântico sul do Brasil para a África do Sul e depois regressará e estará aqui em Luanda no dia 23 de junho”.
Desde quarta-feira, que chegou na costa do Ambriz, província angolana do Bengo, o navio português já lançou em terra uma equipa de fuzileiros para colaboração e cooperação com os fuzileiros angolanos e troca de experiências das duas forças.
“Além disso embarcamos também cadetes da Escola Naval de Angola que tiveram a oportunidade durante o trânsito do Ambriz para aqui treinar, fazer os exercícios que a guarnição faz integrando-se nomeadamente exercícios de homem ao mar, de combate a incêndios”, realçou.
“No fundo esse tipo de iniciativas são uma expressão prática da cooperação a nível da defesa e permitem para além da formação que é dada noutro âmbito dar a oportunidade a todos os militares das nossas marinhas aliadas e amigas treinar conjuntamente e criar laços de cooperação”, concluiu o comandante naval da Marinha Portuguesa.
E o contra-almirante João Cambole, comandante interino da Esquadra Naval Operacional da Marinha de Guerra de Angola, também assinalou a solidificação das relações entre ambas as marinhas com a presença em Luanda do NRP “Setúbal”.
“Com esta iniciativa também firmamos a parceria em termos de formação e treino operacional aos nossos cadetes, aos nossos militares, para que assim estabeleçamos, então, uma relação mais profícua e mais consolidada”, notou.
Em representação do embaixador de Portugal em Angola, falou a ministra conselheira da embaixada Ana Brito Maneira, que destacou os fortes laços bilaterais de cooperação entre as forças armadas de Portugal e de Angola, particularmente a nível da marinha.
“Com efeito, a cooperação no domínio da defesa entre Portugal e Angola tem um caráter histórico e abrangente, remontando a 1996 o primeiro acordo quadro assinado entre os dois países”, disse.
“Não podemos deixar de valorizar ainda a visão abrangente e coletiva desta nossa ligação e que contribui para uma abordagem cada vez mais integrada e capacitada da CPLP, em particular da sua componente de defesa”, apontou.
Ana Brito Maneira saudou ainda a iniciativa “Mar Aberto”, que “nos permite estar hoje em Luanda a bordo do NRP “Setúbal””, considerando tratar-se de exemplo muito concreto da cooperação entre Angola e Portugal e que potencia vários dos seus domínios, especialmente no campo da segurança marítima”.
O NRP “Setúbal”, que conta com cerca de 50 tripulantes, entre guias de guarnição, equipa de fuzileiros, equipa de navegadores, entre outros, deixa Luanda na próxima segunda com destino para a África Sul, onde participa nas celebrações do 10 de Junho.