A Agência de notação financeira Fitch Ratings prevê um crescimento de 4% na África subsaariana em 2024, com a inflação na região a abrandar para 4,9%, e a dívida pública a manter-se nos 67%.
“Prevemos que a média do crescimento na África subsaariana em 2024 se mantenha em cerca de 4%, o que está em linha com a média dos cinco anos até 2019, apesar de ser mais baixo que a tendência de crescimento até 2014, que era mais forte”, escrevem os analistas num relatório sobre as perspetivas de evolução da região em 2024, no qual dizem que a tendência dos ratings é neutra.
No documento, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, a Fitch Ratings aponta que apesar da média de crescimento rondar os 4%, “há divergências substanciais”, já que sete dos 20 países que são avaliados vão crescer a níveis iguais ou superiores a 5,5%.
“Os principais riscos estão relacionados com restrições ao financiamento, eventos climáticos e a possibilidade de um crescimento mundial abaixo do esperado”, que pode influenciar a expansão das economias africanas.
A Fitch, que emite uma opinião sobre a qualidade de crédito dos lusófonos Angola, Cabo Verde e Moçambique, antevê uma melhoria na inflação média da região, depois da forte subida em 2022, para 7,4%, que deverá abrandar para 6,3% este ano e 4,9% no próximo ano.
Apesar das “variações significativas” entre os 20 países analisados, a Fitch Ratings salienta que Angola, Etiópia, Gana e Nigéria deverão ser alguns dos países em que os preços vão subir mais do que 10% em 2024.
Sobre a dívida pública, uma das principais preocupações dos analistas e das instituições económicas internacionais, a Fitch prevê uma estabilização nos 67%, antecipando a continuação dos esforços de consolidação orçamental, em muitos casos com programas do Fundo Monetário Internacional (FMI), que abrangem 13 dos 20 países que têm um rating atribuído pela Fitch.
“O rácio da dívida sobre o PIB, nos 67%, continua 10 pontos percentuais mais elevado do que estava em 2019, antes pandemia, e é mais do dobro do valor abaixo de 30% registado entre 2007 e 2013”, lê-se no relatório, que dá conta que metade dos países com rating da Fitch têm uma dívida pública acima dos 70% do PIB.
“A média do rácio da dívida sobre as receitas vai continuar acima dos 300%, mais do dobro do registado em 2013”, o que significa que os impostos cobrados pelo Estado só cobrem cerca de um terço do custo de servir a dívida, concluem os analistas.