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Angolanos protestam nas embaixada de Angola em Lisboa e Londres e pedem respeito pelos “direitos humanos”

Cerca de 50 angolanos manifestaram-se hoje frente ao consulado, em Lisboa, e cerca de 30 em frente à Embaixada de Angola em Londres, num protesto em que pediram respeito pelos direitos humanos no país africano.

Os imigrantes em Lisboa concentraram-se em frente à instituição a partir das 9:00. Perto das 15:00, cerca de meia centena de pessoas permanecia ainda no local, para reivindicar o respeito pelos direitos humanos e responsabilizar o Governo angolano pelas mortes ocorridas nos tumultos em Angola, na semana passada.

Devido à concentração em Lisboa, divulgada pelo partido da oposição União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), a instituição diplomática não abriu portas.

Uma cidadã angolana que pediu para não ser identificada declarou à Lusa que tinha marcação hoje, mas a entidade não abriu por causa da manifestação e “dezenas de pessoas ficaram à porta, sem um aviso ou explicação”.

O mesmo aconteceu em Londres. A embaixada não abriu, segundo explicou, por telefone, a organizadora da manifestação no Reino Unido que também pediu, por motivos de proteção, para não ser identificada.

Segundo a organizadora, o evento em Londres teve pouca adesão, “cerca de 30 pessoas”, por acontecer durante a semana. As pessoas, “por mais que queiram lutar, não podem abdicar do seu salário”, explicou.

Em Lisboa, os membros da diáspora angolana empunhavam cartazes com a imagem de Silvi Mubiala – baleada mortalmente pela polícia no bairro Caop B, em Viana, na periferia de Luanda – e com imagens do que dizem ser “presos políticos”, como os ativistas Osvaldo Kaholo e Serrote José de Oliveira “General Nila”, exigindo a sua libertação.

A partir de um megafone, ouviam-se palavras de ordem: “o angolano tem de deixar de ser medroso (…) É inadmissível um país como Angola ter tantas mortes!”“afundam o nosso país e colocam as nossas irmãs na prostituição!” ou “assassinos!”.

Segundo o ativista António Tonga, apesar de “mais de dois terços da população viver abaixo do limiar da pobreza, existe uma “elite angolana rica, que pode desfilar em qualquer Avenida da Liberdade [em Lisboa], em qualquer avenida em São Petersburgo [Rússia], qualquer avenida em Paris [França], mesmo com o povo angolano sem ter o que comer”.

Por outro lado, os imigrantes em Lisboa criticaram também aquilo que apelidam de conivência do Governo português. “Se Portugal convive naturalmente com uma ditadura, Portugal não é um regime democrático”, criticou Tonga.

Para Jorge Cândido, ativista e defensor dos direitos humanos e amigo próximo de Osvaldo Kaholo, Angola é uma ditadura e o povo está cansado de tanta miséria.

Na sua opinião, as eleições de 2027 não são um sinal de esperança porque “as ditaduras também promovem falsas eleições” e a oposição é conivente com o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa o país desde a independência.

A jovem Marinela Marques descreveu à Lusa o cansaço que diz que o povo angolano sente: “Nós queremos alternância, queremos dar oportunidade a um outro partido para poder governar Angola, que é para nós vermos como é que vai ser o desenvolvimento de Angola”, frisou, mas questionada sobre se seria a UNITA essa alternativa respondeu “não”.

Para Marinela Marques, a solução passaria pela criação de outro partido “que representasse melhor as pessoas, principalmente os jovens, porque a UNITA também nunca fez nada”.

Márcia Branco, militante da UNITA e imigrante no Reino Unido presente na concentração em Lisboa, explicou à Lusa que, apesar de apoiar este partido, acredita que esta luta já não é sobre cores políticas, mas sim uma causa coletiva.

Várias províncias de Angola, com epicentro em Luanda, registaram entre 28 e 30 de julho, protestos e tumultos, na sequência de uma paralisação dos serviços de táxis, que resultaram em 30 mortos, mais de duas centenas de feridos e mais de 1.500 detenções, segundo as autoridades angolanas.

 

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