A Justiça belga abre investigação sobre a alegada “predação” do clã Tshisekedi na riqueza de minerais na província de Katanga: magistrados belgas exigem as declarações de renda da primeira-dama e de vários membros da família presidencial.
O Ministério Público Federal belga registou a denúncia contra pessoas ligadas ao Presidente Félix Tshisekedi, como foi revelado nesta quinta-feira pela África Intelligence, exigiu acesso ao histórico completo das contas bancárias da Primeira-Dama, Denise Nyakeru, bem como das contas dos filhos e irmãos do presidente. Esta decisão representa uma importante reviravolta numa investigação que está a assumir dimensões judiciais, políticas e diplomáticas.
A denúncia que deu início a este processo, apresentada em 8 de julho, foi movida pelos advogados Bernard e Brieuc Maingain, representando diversas ONGs de Katanga e quatro ex-executivos da Gécamines. Eles acusam nove membros do “clã Tshisekedi” — todos cidadãos belgas — de “predação” e “saque” nas minas nas províncias de Haut-Katanga e Lualaba, ricas em cobre, cobalto, lítio, germânio….
Os denunciantes acusam clã Tshisekedi de atos de “corrupção, peculato e lavagem de dinheiro” praticados por meio da gestão obscura de diversos locais nas minas estratégicos no sul da República Democrática do Congo.
A Bélgica exerce sua jurisdição judicial devido à nacionalidade belga dos indivíduos envolvidos.
Por que as contas bancárias estão sendo analisadas minuciosamente?
O pedido de acesso aos extratos bancários da Primeira-Dama e de pessoas próximas ao Presidente faz parte da investigação. Os investigadores belgas procuram identificar potenciais esquemas de lavagem de dinheiro, saídas de capital ou investimentos efetuados com fundos suspeitos de terem origem em atividades minerais.
De acordo com as informações disponíveis, os investigadores suspeitam da existência de movimentações financeiras para jurisdições offshore, reinvestimentos na Europa e transações incompatíveis com o rendimento declarado de alguns membros da família.
Katanga continua sendo o coração industrial da RDC: cobre, cobalto, lítio, germânio… Todos esses são minerais estratégicos cuja demanda está disparando. Mas, de acordo com diversos relatórios internacionais, grande parte da receita gerada entre 2017 e 2024 — estimada em quase US$ 129 bilhões — não beneficiou os cofres públicos. Esse caso reacendeu o debate sobre a falta de transparência no setor e sobre a responsabilidade política.



