O líder da UNITA afirma que não teme uma nova impugnação do congresso do maior partido da oposição angolana, que começa esta quinta (02.12), e garante que vai pôr em linha militantes que violaram disciplina partidária.
Num encontro com a sociedade civil angolana esta terça-feira (30.11), no último dia da sua campanha eleitoral à presidência da UNITA, Adalberto Costa Júnior falou pela primeira vez sobre o caso dos membros da Comissão Política que recorreram ao Tribunal Constitucional para impedir a realização do décimo terceiro Congresso do partido.
Na reunião com membros das organizações da sociedade civil, líderes de opinião e jornalistas, o candidato único à presidência do maior partido da oposição angolana disse que nenhum militante foi impedido de apresentar candidatura para o congresso partidário, que começa esta quinta-feira (02.12).
O político esperava que os seus colegas que se opõem ao congresso apresentassem candidaturas ao invés da tratarem os assuntos internos fora da esfera partidária. Por isso, Adalberto Costa Júnior afirmou que o conclave do partido vai tomar medidas severas contra os militantes que alegadamente criam instabilidade no partido.
“Tenho a certeza que o congresso vai nos permitir, sem dúvida nenhuma, fazer o realinhamento e meter na linha quem não conhece disciplina interna. E se alguém se for alinhar ao nosso adversário, certamente, o espaço de pertença ao partido é livre. E se o espaço da porta de saída não for livre, vamos tratar com excesso”, avançou.
Nova impugnação?
Adalberto Costa Júnior disse ainda que não teme uma nova impugnação da sua eleição e que está a “arrumar a casa”.
“O país, todo ele, está desagradado com este comportamento da governação com reféns os tribunais. Disto ninguém mais tem dúvidas no nosso país. Os tribunais estão reféns do poder político. E é um desafio que temos para frente”, ponderou.
“Eu não tenho medo. Vamos levar até ao fim a nossa candidatura (…) Quem sabe se o país não será também surpreendido com algumas questões direcionados ao congresso do MPLA”, sublinhou.
Conflitos internos
Na segunda-feira (29.11), a Comissão Política da UNITA anunciou que suspendeu preventivamente oito membros do partido que recorreram ao Tribunal Constitucional contra a realização do XIII Congresso. Estes militantes consideram “nula e sem quaisquer efeitos” a deliberação do Conselho de Jurisdição do “galo negro”.
Os dirigentes suspensos afirmaram num comunicado que vão continuar a impugnar junto dos tribunais “todos os atos que atentam contra a lei e contra os direitos fundamentais dos cidadãos”.
Entretanto, o diretor de campanha de Adalberto Costa Júnior, Liberty Chiaka, esclareceu que os militantes suspensos correm o risco de serem expulsos do partido, por violação dos estatutos.
“Infelizmente, para agravar a situação, os nossos companheiros fizeram uma afronta ao partido, usando os símbolos do partido numa nota, o que não podiam fazer, já que estão suspensos. Portanto, a situação está clara. Só para esclarecer os companheiros aqui presentes que a UNITA para ser credível tem que ser séria no cumprimento dos seus estatutos”, defendeu Liberty Chiaka.
Entretanto, no encontro com a sociedade civil, Adalberto Costa Júnior também garantiu que o processo da reativação da Frente Patriótica Unida (FPU) vai acontecer após a sua eleição.
“Reafirmamos a absoluta importância da centralidade deste objetivo. Estamos convencidos de que a anulação do congresso teve muito a ver com a execução destas políticas. O regime está fraco, está desorientado, está assustado, está sem perspetiva futura e está com a necessidade de se substituir na competição partidária pelas instituições. Isto é uma vergonha”, disse.
O congresso da UNITA vai decorrer de 2 a 4 dezembro em Luanda.