Invasão no Afeganistão custou aos EUA mais de 300 milhões de USD, por dia, durante 20 anos. Mas a conta total, por causa dos empréstimos, só vai ser paga em 2050. Fortuna junta dos 30 multimilionários não chega para pagar a dívida norte-americana.
O contrário das outras guerras do século XXI, em que os norte-americanos se meteram, a do Afeganistão obrigou os EUA a fazerem engenharias financeiras para suportar os 20 anos que durou a invasão.
Nas guerras do Vietname e da Coreia do Sul, “os custos foram suportados pelo orçamento federal, através do agravamento de impostos. Para pagar a guerra no Vietname, o conflito mais traumatizante para os norte-americanos, Washington aumentou os impostos, ainda que, alguns deles, de forma temporária”. O presidente Lyndon Johnson subiu taxas em 77%, mas apenas para os contribuintes mais ricos. Anos antes, na década de 1950, Harry Truman fora mais duro: “aumentou os impostos em 92% para suportar a guerra na península coreana”
Ambas as decisões receberam a aprovação do Congresso, que avaliou a situação por 42 vezes. No caso da guerra do Afeganistão, cujo orçamento se juntou à invasão ao Iraque, George W. Bush evitou cobrar impostos. E até fez ao contrário. Nos primeiros anos, baixou as taxas em 8% aos contribuintes mais ricos, permitindo que a invasão militar não fosse tão impopular. No Congresso dos EUA, o presidente conseguiu que lhe fosse dada ‘carta branca’ para financiar a guerra. O que significou que os orçamentos deixaram de ter controlo de senadores e deputados, não passando pelo ‘crivo’ democrático. E a prática foi reiterada nas administrações de Barak Obama e de Donald Trump. Todo o país estava concentrado em derrotar o que chama de “terrorismo islâmico”, depois do que aconteceu a 11 de Setembro de 2001.
A solução, que ainda dura até hoje e para não agravar impostos, foi o de contrair dívida pública. Resultado: o país já deve mais de dois biliões USD. Um estudo das universidades de Harvard e de Brown calcula que essa dívida demore décadas a ser paga. Os juros e amortizações só vão ser liquidados em 2048, mas, nessa altura, deverão atingir o valor de 6,5 biliões USD, ou seja, mais do triplo da dívida.
Isto significa que a guerra no Afeganistão é de, de longe, a mais cara da História. De acordo com o estudo das duas universidades, “nem a fortuna conjunta dos 30 norte-americanos mais ricos, incluindo o património dos multimilionários Elon Musk, Jeff Bezos e Bill Gates, conseguiria pagar a dívida”.
A mais longa
A guerra no Afeganistão foi também a mais longa da História dos EUA e também a que acabou mais rapidamente. Em apenas três meses, os afegãos, sob o domínio dos taliban, derrotaram os exércitos dos EUA e do governo de Cabul. Bastaram 300 mil soldados talibãs, equipados apenas com artilharia, sem aviação, para derrotar dois exércitos, o poderoso norte-americano e o afegão, treinado e equipado pelos EUA durante 20 anos.
Em duas décadas, “os EUA gastaram mais de dois biliões USD, numa média de 300 milhões USD por dia. Só em armamento, foram gastos 800 mil milhões USD, incluindo os custos com a logística de combate”.
Uma das fatias do ‘bolo’ do orçamento foi dirigida para a formação do exército afegão. Foram mais de 85 mil milhões USD. Por ano, os contribuintes norte-americanos entregaram 750 milhões USD só para a formação.
Além dos custos em dinheiro, a guerra do Afeganistão foi devastadora para os EUA: “morreram 2.500 militares e quase 4.000 civis que trabalharam para os norte-americanos. Os EUA calculam gastar mais de 300 mil milhões USD para cuidar de 20 mil feridos, vítimas da guerra. Por parte do Afeganistão, morreram 47 mil civis e 51 mil combatentes talibãs”.