Angola reduziu em 66% os gastos com a defesa desde 2012, apontam dados do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo. Ainda assim, o país é o quinto da África subsaariana a ter mais gastos militares.
Apesar de as despesas militares de Angola terem caído 66% entre 2012 e 2021, no ano passado o país foi o quinto da África subsariana com maiores gastos militares. Os dados constam do último relatório publicado pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla inglesa).
O documento justifica a queda acentuada nas despesas militares angolanas ao longo da última década com o agravamento das condições económicas no país a partir de 2015, em grande parte devido a baixas do preço do barril de petróleo e às quedas na produção petrolífera, além do ritmo lento da recuperação económica nos anos mais recentes.
Em 2021, as despesas militares na África subsaariana totalizaram 20,1 mil milhões de dólares, mais 4,1% do que em 2020, mas menos 14% do que em 2012.
Nigéria em primeiro na África subsaariana
O aumento em 2021 foi o primeiro na África subsaariana desde 2014 e foi impulsionado sobretudo pela Nigéria, o país da sub-região que mais gastos tem no setor da defesa.
Entre 2020 e 2021, “a Nigéria aumentou as suas despesas militares em 56%, atingindo os 4,5 mil milhões de dólares. A subida deveu-se à necessidade de resposta aos ataques de extremistas islâmicos e separatistas”.
A África do Sul surge logo a seguir no ranking como o segundo país da sub-região com mais gastos militares, apesar do corte nas despesas em 13%, para 3,3 mil milhões de dólares, em 2021. A prolongada estagnação económica do país teve um impacto severo no orçamento militar.
Já o Quénia e Uganda ocupam o terceiro e quarto lugar, respetivamente, entre os que mais gastam com a defesa.
Rússia ocupa o quinto lugar mundial
Em 2021, pela primeira vez na história, os gastos globais com a defesa ultrapassaram os dois biliões de dólares, segundo o SIPRI. Em termos de orçamento militar, a Rússia ocupa o quinto lugar no mundo, atrás dos Estados Unidos, China, Índia e Grã-Bretanha.
A Rússia gastou em 2021, com a despesa, mais 2,9% do que no ano anterior. O aumento aconteceu no contexto do aumento das tropas russas ao longo da fronteira com a Ucrânia, observa o relatório do SIPRI.
Já os gastos militares da Ucrânia aumentaram acentuadamente desde a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014. No período entre 2014 e 2021, o orçamento militar ucraniano aumentou 72%. Essa tendência de crescimento foi interrompida em 2021, quando os gastos militares da Ucrânia caíram 8,5%, para 5,9 mil milhões de dólares ou 3,2% do seu PIB.
A Alemanha é o terceiro país da Europa Central e Ocidental que mais gasta com a defesa, depois do Reino Unido e a França. Em 2021, o país alocou 56 mil milhões de dólares para as Forças Armadas, ou 1,3% do seu PIB.
Em dezembro de 2021, o novo Governo alemão declarou a intenção de investir 3% do PIB da Alemanha em diplomacia, desenvolvimento e defesa. À luz da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro deste ano, o Governo anunciou que iria modernizar a Bundeswehr com uma pacote financeiro de 100 mil milhões de euros.