O Candidato derrotado nas eleições presidenciais do Quénia, Raila Odinga, qualificou hoje como “uma farsa” o resultado do escrutínio e prometeu recorrer a “todas as opções legais” possíveis para contestá-lo.
“Vamos prosseguir todas as opções legais e constitucionais disponíveis. Faremos isso tendo em vista as muitas falhas nas eleições”, disse Odinga no seu primeiro discurso após o anúncio dos resultados, na segunda-feira.
Para o ex-primeiro-ministro e figura histórica da oposição, os números anunciados pela comissão eleitoral “devem ser anulados pela justiça” por serem “uma farsa e um flagrante desrespeito pela Constituição”.
“Na nossa opinião, não existe nenhum vencedor legal e validamente declarado nem um Presidente eleito”, disse Odinga.
O seu principal rival na corrida presidencial, o vice-presidente William Ruto, obteve mais 233 mil votos e foi declarado vencedor das presidenciais na segunda-feira, após recolher 50,49% dos votos, contra 48,85 para Odinga.
Minutos antes da publicação dos resultados, a vice-presidente da comissão eleitoral independente do Quénia (IEBC) anunciou que quatro dos sete membros daquele órgão rejeitavam os resultados.
“Pela natureza opaca do processo […] não podemos assumir a responsabilidade pelos resultados que vão ser anunciados”, disse a vice-presidente Juliana Cherera, ladeada por outros três comissários, pedindo “calma” aos quenianos.
Já hoje, pouco antes do discurso de Odinga, os quatro comissários confirmaram que os números finais anunciados na segunda-feira representavam 100,01% e alertaram que os votos a mais poderão ter feito “uma diferença significativa”.
O país poderá enfrentar agora semanas de disputas judiciais e a o Supremo Tribunal pode mesmo ordenar a realização de novas eleições.
Líderes religiosos e políticos têm apelado à calma da população.
Embora o país seja considerado uma ilha de estabilidade numa região instável, os resultados de todas as presidenciais desde 2002 foram contestados, por vezes com violência.
Em 2007-2008, a contestação dos resultados por Raila Odinga levou a confrontos intercomunitários que fizeram mais de 1.100 mortos e centenas de milhares de deslocados, os piores confrontos pós-eleitorais desde a independência do Quénia em 1963.