Com o anterior calendário eleitoral, os angolanos estariam nesta altura à boca das urnas para as quintas eleições gerais, mas agora, no quarto aniversário do pleito que deu vitória ao Presidente João Lourenço, o povo faz contas à vida por força do desemprego e da alta dos produtos alimentares. João Lourenço foi eleito há quatro anos.
A um ano das próximas eleições, com as previsões económicas ainda em baixa, há dúvidas de que o Chefe de Estado venha a conseguir a popularidade alcançada na altura em que chegou ao poder rotulado de reformista.
Quando Paulo Cassoma, motoqueiro, e Mingo António, vendedor ambulante, lembram-se das eleições de há quatro anos e preferem não acreditar na situação do angolano.
“A análise que fiz… ele não está a cumprir nada, não temos os tais 500 mil empregos”, diz o motoqueiro, enquanto o vendedor diz “também quero ver baixar a comida, está mesmo muito mal a vida”.
Muitos destes problemas, segundo o académico Eurico Bongue, membro da associação Amangola, encontram justificação na crise económica, a Covid-19 e em fenómenos naturais.
Bongue assinala, entretanto, que o desempenho de João Lourenço abre boas perspectivas para o próximo mandato, principalmente no que toca ao combate à corrupção.
“Constatámos também as pragas que mataram o sonho dos camponeses, estando na base da fome e da pobreza. Ainda assim, honestos e justos devemos dizer que o mandato é com foco e determinação”, sublinha o professor, acrescentando que “esta postura faz dele um político bastante coerente”.
Já o jornalista Alexandre Solombe alerta para movimentos que visam melhorar a imagem do PR com base no que chama de “marketing forçado”, realçando que a primeira farsa reside na reserva estratégia alimentar.
“Vai entrar em acção, a partir de Novembro, o que vai ser a farsa que pode levar os angolanos à percepção de que há um alívio por intervenção do Governo” , aponta.
“A raiz do problema vai continuar, isto porque fracassou a diversificação da economia, que seria, para mim, tornar as margens dos rios produtivos e verdejantes”, sustenta Solombe.
Sem estes pressupostos, o jornalista critica a penúria alimentar em Angola, quando, segundo dados oficiais que avança, o banco central tem em reservas internacionais acima de 8 mil milhões de dólares.
“Por que se guarda tanto dinheiro com uma fome visível, em Luanda, para não falar do Cunene. João Lourenço está a comportar-se, em linguagem vulgar, como um pai agarrado”, vinca o analista.
As eleições gerais em Angola são realizadas agora de cinco em cinco anos.