O Presidente da República (PR) tem na agenda uma visita de trabalho nos próximos dias 13 e 14 a Cabinda. Ainda não foi avançada mais informação por parte da Casa Civil sobre a lista de prioridades de João Lourenço nesta sua visita ao enclave
Mas tendo em conta que mais de metade do petróleo angolano, maior fonte de receitas de Angola, provém desta província do norte do País marcada por forte contestação por parte da sociedade, com “a grande maioria dos cabindas a defender a independência em relação a Angola”, como assumiu recentemente o general na reforma pelo MPLA José Sumbo, antigo membro do Governo de Cabinda, depois de sair do gabinete do PR, com quem esteve reunido para tentar encontrar “uma solução definitiva do problema”, espera-se que a visita do Chefe de Estado marque um novo ciclo das relações que não têm sido fáceis desde a independência de Angola.
Aliás, já no Governo de João Lourenço, em Julho de 2020, o então ministro de Estado e Chefe da casa de Segurança do Presidente, Pedro Sebastião, viu-se obrigado a admitir a existência de acções de guerrilha naquele enclave depois de as Nações Unidas terem colocado esta província angolana como território de um dos 16 grupos de guerrilha – a FLEC/FAC, movimento sobrevivente da divisão da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC), criada em 1963 – que aceitou reduzir a sua acção para permitir um melhor combate à Covid-19, tendo isso sido noticiado pela ABC News.
“Mas a viagem de Lourenço poderá ser apenas marcada pela visita aos vários projectos que estarão em curso em Cabinda. Na província de onde jorra petróleo está a ser construída uma refinaria, localizada na planície de Malembo, e é esperado que o Presidente faça uma visita ao projecto avaliado em 920 milhões de dólares norte-americanos e que se espera venha a criar mais de 2000 postos de trabalho e 60.000 barris quando estiver totalmente construído pela Odebrecht, a mando da GEMCORP, simultaneamente financiadora e proprietária do projecto que obteve recentemente a aprovação de vários benefícios fiscais”.
No enclave, e fruto dos esforços que o Executivo de João Lourenço tem vindo a fazer para encontrar um caminho de alguma paz entre Luanda e Cabinda, estará igualmente em construção uma centralidade com 3.000 habitações pelo Grupo Mitrelli, obras que custarão aos cofres do Estado angolano mais de 400 milhões de dólares.
Aliás, no último ano, João Lourenço desdobrou-se em aprovações de projectos para Cabinda. Para além dos já identificados, em Março, o Chefe de Estado autorizou a despesa e a abertura de vários procedimentos de contratação simplificada, pelo critério material, para projectos de empreitada de obras públicas, nomeadamente a construção da rede de iluminação pública e de um complexo escolar, a abertura de 50 furos de água potável e a reabilitação das salas de especialidade do hospital provincial, bem como a terraplanagem de três vias terciárias de difícil acesso, também no município de Cabinda .
Dos cofres do Estado está previsto saírem cerca de 2,6 mil milhões de kwanzas que incluem igualmente a reabilitação de duas estruturas de apoio ao edifício secular de Lândana.
O Presidente visitou Cabinda em Novembro de 2017, onde presidiu a uma reunião do conselho de ministros descentralizada, a primeira do género na sua presidência.