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África: Evolução do ecossistema digital em África

Em 2018 apenas três países africanos não estavam ligados a nenhum cabo submarino: República Centro Africana, Eritreia e Sudão do Sul.

Nos países da costa africana, apenas Guiné Bissau está ligado a apenas um único cabo submarino, o que espelha bem a importância da redundância para garantir a disponibilidade do principal canal das comunicações africanas responsável por 98% das comunicações de África.

As principais ligações em termos de telecomunicações de Angola e África são, no geral, de e para a Europa e, neste contexto, Angola tem dois cabos para assegurar essa ligação -o SAT3 e o WACS.

Porém, o SAT3 é um sistema antigo e tem menos de seis anos de existência, e o WACS está a chegar ao limite da sua capacidade máxima. É, assim, urgente que se garanta a redundância das comunicações no país antes do fim da vida útil do SAT-3. Com isto, os novos cabos não vêm somente resolver o problema da capacidade futura, mas também resolver o problema da falta de redundância para o principal destino das comunicações de Angola e de África.

Em termos de capacidade, África consumia, em 2017, cerca de 8 Terabits por segundo (Tbps) de internet, sendo que dez anos antes o consumo era de apenas 67 Gigabits por segundo (Gbps), o que revela um aumento significativo nesse período.

Na África Subsariana, que nos diz mais respeito, os valores do consumo de internet em 2017 eram perto de 5Gbps, sendo que 92% foram fornecidos directamente por cabos submarinos.

Se tivermos em conta que a capacidade total projectada para os 23 sistemas de cabos submarinos actualmente em África é de 134,5 Tbps, esse consumo corresponde a menos de 3% do total da capacidade disponível. Logo, ainda existe muito espaço nos sistemas actuais para acomodar crescimentos futuros.

Sendo que África está a ser contemplada com dois novos projectos de sistemas submarinos, o Equiano da Google, que terá 144 Tbps de capacidade, e o 2Africa, do consórcio liderado pelo Facebook, que terá 180 Tbps de capacidade, mais do que os 23 sistemas juntos já existentes.

Com estes dois novos sistemas submarinos, o desafio para África vai-se prender com o “dar o salto” para a produção de conteúdos e demanda suficiente para ocupar toda essa nova capacidade
que estará disponível.

Não é demais lembrar que a história da Angola Cables (AC) está intimamente ligada à necessidade de Angola ter um sector de telecomunicações activo, bem estruturado para garantir a massificação do acesso à Internet com serviços de qualidade e a preços acessíveis, tornando as TIC num motor de desenvolvimento socioeconómico do País.

Depois da participação no WACS, a aposta na empresa foi sedimentada com os investimentos realizados na construção dos dois cabos submarinos, o SACS e o Monet, na instalação de PoPs em África, no Brasil e na Europa, que permitiu oferecer um serviço com alta qualidade, capacidade e totalmente redundante, não somente ao mercado interno angolano, mas também contribuiu para a consolidação da posição geoestratégica de Angola como um Hub Africano de Telecomunicações.

Ângelo Gama,  é engenheiro eletrotécnico e CEO da Angola Cables (Artigo publicado na Revista Forbes Angola) 

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