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África: José Maria Neves deseja que “tudo venha a correr bem” nas eleições deste ano em Angola

O Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, desejou hoje que “tudo venha a correr bem” nas eleições gerais que se deverão realizar em Angola em agosto, apesar dos desafios que se colocam devido à pandemia de covid-19.

“Angola vai realizar eleições gerais dentro de alguns meses. O povo será, assim, chamado a escolher os seus representantes e esperamos que, apesar dos desafios atuais, designadamente aqueles que se relacionam com a atual crise sanitária mundial, tudo venha a correr bem”, disse o chefe de Estado hoje, na Assembleia Nacional, onde cumpriu mais uma das etapas da sua visita de três dias a Angola.

José Maria Neves criticou “a mesquinhez e os sentimentos mais primários” dos que tentam blindar-se com sucessivas doses de vacinas contra a covid-19, enquanto África luta por imunizar 10% da sua população, lamentando “a vergonhosa desigualdade no acesso às vacinas e, agora, aos testes de despiste”.

Considerou, perante os parlamentares angolanos, que esta crise pode ser também uma oportunidade para África fazer “uma reflexão profunda”, criando as suas próprias soluções para o futuro e investindo ainda mais na educação, na ciência, na investigação e na saúde para não ficar novamente vulnerável quando surgirem novas pandemias

“Temos de reequacionar as prioridades e impormo-nos mais exigência e qualidade na definição das políticas públicas e sua implementação. Muito em particular, temos de estar em sintonia no combate às ameaças sanitárias, umas já antigas, e temos de ter a determinação e a sagacidade para pôr em marcha uma forte diplomacia para a saúde e a segurança Sanitária”, instou.

Mas, observou, “não é só a nível sanitário que as disfunções existem”, apontando fragilidades nas instituições multilaterais, nomeadamente a ONU, que se tem revelado, muitas vezes, incapaz de regular os conflitos.

“O Conselho de Segurança está muito longe de espelhar a realidade geopolítica atual, já que ainda continua a ser um pálido retrato da realidade do pós-guerra”, advogou o Presidente de Cabo Verde, sugerindo que este órgão deve ser mais representativo e alargado, reservando a África o direito a assentos permanentes.

Abordou também as tensões e instabilidade no continente africano, defendendo a consolidação das instituições democráticas desde os tribunais às Forças Armadas, passando pela imprensa livre e pelos órgãos de administração eleitoral.

“Devemos primar por um clima de paz e de estabilidade política. Aos militares deve-se exigir uma postura republicana, de respeito pelo poder legitimado pelas urnas”, prosseguiu, exigindo “tolerância zero em relação aos golpes de Estado”, afirmou José Maria Neves.

Na sequência, referiu que a situação que se vive em Cabo Delgado (norte de Moçambique), palco de ataques armados, é preocupante, desejando que o “povo irmão de Moçambique possa, a curto prazo, desfrutar de um clima de paz e tranquilidade” e repudiando todos os atos terroristas.

Reiterou perante os deputados da Assembleia Nacional a “imensa e justificada alegria” de fazer a Angola, um “belo e acolhedor país-irmão”, a sua primeira visita de Estado, dizendo ser portador de uma mensagem que reflita “o sentimento de esperança, muito característico do povo das ilhas, e tão necessário nestes tempos incertos que a humanidade atravessa”.

Falou sobre os laços “especiais e sólidos” que unem os dois países e que foram decisivos no surgimento da geração de nacionalistas que “marcaram a trajetória emancipatória rumo às nossas independências nacionais, destacando em particular os percursos de dois líderes, o angolano Agostinho Neto e Amílcar Cabral.

Reforçou a ideia, já transmitida ao longo do dia, do “acolhimento fraterno” que os cabo-verdianos encontram em terras angolanas, onde existe a maior comunidade cabo-verdiana em África e disse que o incremento das relações comerciais e empresariais entre os dois países é bem visível.

“Da nossa parte, existe o firme propósito de aumentar e alargar essas mesmas relações para outros setores de atividades, correspondendo assim às legítimas aspirações dos nossos cidadãos, mormente dos mais ligados à iniciativa económica empresarial”, salientou José Maria das Neves, que se faz acompanhar durante a sua visita de uma delegação representativa das Câmaras do Comércio do país.

O presidente da Assembleia Nacional, Fernando Dias dos Santos, assinalou também os “laços inquebrantáveis” e a “excelente relação de amizade e cooperação” entre os dois países e abordou também o “processo democrático” que se tornou “há décadas no único instrumento legitimador do exercício do poder” em Angola.

Salientou a excelente relação de cooperação que os parlamentos dos dois países mantêm, manifestando, todavia, abertura para o reforço desta no sentido de uma “cooperação mais dinâmica” consubstanciada em mais visitas de parlamentares e trocas de experiências.

 

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