O ministro das Finanças cabo-verdiano, Olavo Correia, encontrou-se em Lisboa com o seu homólogo português, Fernando Medina, com quem abordou a cooperação institucional e financeira, sublinhando que a porta está “aberta” para um diálogo profícuo e produtivo” com Portugal.
O encontro deu-se antes da chegada a Luanda do vice-primeiro ministro cabo-verdiano que tem também a pasta das Finanças, Fomento Empresarial e Economia Digital.
Olavo Correia está em Angola para uma visita de três dias, que tem como ponto central a participação na I Reunião Conjunta de Ministros da Economia, Comércio e Finanças da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), esta sexta-feira.
Em declarações à Lusa, à margem de um encontro com o setor económico na Agência de Investimento Privado e Promoção de Exportações (AIPEX), em Luanda, disse que abordou com Medina a situação económica e financeira dos dois países, bem como a cooperação financeira e institucional.
“O diálogo está aberto com o Governo português, neste caso com o meu homólogo português, Fernando Medina, em todas as áreas, e vamos continuar com esse diálogo”, afirmou.
“Neste momento, tendo em conta que [Fernando Medina] está nesta funções há pouco tempo, o importante é iniciarmos esse diálogo em todas as áreas que têm a ver com quadro macroeconómico, quadro fiscal, cooperação institucional entre as nossas duas instituições”, indicou.
Formação profissional e troca de experiências entre quadros dos ministérios das Finanças de Cabo Verde e de Portugal e o posicionamento em relação à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), ou seja, “o que é necessário fazer para ter um mercado competitivo e robusto ao nível da CPLP”, foram alguns tópicos abordados.
“Temos a porta aberta para ter um diálogo profícuo e produtivo com Portugal nos próximos anos e é isso nós iremos fazer”, sublinhou.
Questionado sobre o plano de pagamento da dívida a Portugal, afirmou que a discussão tem de ser continuada, no plano técnico e político, para que os países possam em conjunto gizar as melhores soluções para Cabo Verde e para Portugal.
“Havendo essa abertura, temos o caminho aberto para compor soluções”, declarou o ministro, acrescentando que o plano está a ser discutido e trabalhado com o Governo português.
“No momento próprio, falaremos sobre o assunto. Neste momento, o que importa é haver abertura para abordarmos o assunto, que é difícil, complexo e exigente”, realçou.
No início de março, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, disse que em 2022 Cabo Verde vai apenas pagar juros da dívida a Portugal, estando previsto um pagamento “mais suave” nos anos seguintes, um plano que está ainda a ser definido.
O alívio, restruturação ou perdão da dívida externa de Cabo Verde é um objetivo de curto prazo assumido pelo Governo, que está em conversações com credores internacionais, nomeadamente Portugal, para libertar recursos financeiros para a retoma económica após a pandemia.
O Governo de Cabo Verde anunciou em setembro passado que vai propor aos credores internacionais a conversão de uma parte da dívida pública externa em fundos climáticos, para financiar a recuperação económica no pós-pandemia e a mitigação das consequências das alterações climáticas.