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África: Países africanos endividados precisam de 260 mil milhões até 2021

O Instituto Financeiro Internacional (IFI), representante dos credores privados a nível mundial, revela que os países da África subsaariana mais endividados vão precisar de 260 mil milhões de dólares para pagar a dívida.

“Estimamos que as necessidades de financiamento externo em 2021 dos países africanos elegíveis para a Iniciativa da Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) cheguem a 127 mil milhões de dólares, representando 9,7% do PIB, ligeiramente abaixo dos 133 mil milhões de dólares necessários este ano”.

De acordo com uma análise às necessidades de financiamento destes países, com o título ‘Todos de Olhos Postos nas Necessidades de Financiamento Externo em África’, enviada aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, “o rácio entre as receitas e a dívida subiu 100 pontos percentuais este ano e vai chegar a 480% nos 35 países que são elegíveis para a DSSI”, entre os quais estão todos os países lusófonos no continente.

No relatório, os analistas salientam que apesar de a região da África subsaariana ser frequentemente olhada como um todo homogéneo, “há diferenças notáveis que persistem relativamente às necessidades de financiamento em 2021, que variam entre os 2,5% do PIB nas Ilhas Comores e os mais de 100% do PIB em Moçambique”.

Angola, Burundi, Libéria, Maláui, Níger, Moçambique e Zâmbia precisam todos de financiamento que excede os 20% do PIB, alertam os analistas, acrescentando que “os pagamentos do serviço da dívida aos investidores estrangeiros chegam a metade das necessidades de financiamento em 2021 e 2022”.

Por isso, salientam, “será crítico para os países de baixo rendimento melhorarem a sua capacidade de gerar receita e manter ou expandir o acesso aos mercados internacionais, seja para a recuperação da pandemia, seja para alcançarem os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”.

A Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) foi um dos instrumentos lançados pelo G20 e pelo Fundo Monetário Interancional (FMI) para colmatar o défice de financiamento de 345 mil milhões de dólares  até 2023 só em África, de acordo com os cálculos do FMI.

Até agora, dos 73 países que podem beneficiar da DSSI, apenas cerca de 40 pediram a adesão formal, beneficiando de uma poupança potencial que pode chegar aos 12 mil milhões de dólares (10,2 mil milhões de euros) até final deste ano, de acordo com a contabilização feita pelo Banco Mundial, que pediu o prolongamento da DSSI até final de 2021 para dar espaço de manobra orçamental aos países mais frágeis.

A adesão à DSSI não implica automaticamente um alívio da dívida por parte dos credores privados, levando muitos analistas a considerar que, ao manterem os pagamentos da dívida privada para evitar um ‘default’, os países estão a prejudicar a aposta no combate à pandemia de covid-19.

Em outubro, o G20 anunciou um prolongamento da iniciativa até junho de 2021, podendo ir até dezembro.

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