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África: Países africanos preparam regresso aos mercados em 2021

Os analistas antecipam que os países da África subsaariana voltem a emitir dívida a partir de 2021, depois de uma saída dos mercados financeiros motivada pela pandemia e aproveitando uma recuperação da economia e das condições financeiras.

“Não vimos nenhum sinal de stress nos mercados secundários depois do Incumprimento Financeiro da Zâmbia, o mercado está pronto e à espera de mais ofertas e veria com bons olhos um negócio com alguns dos emissores mais regulares da África subsaariana”, comentou o diretor do departamento do mercado de capitais do Standard Bank, em Joanesburgo, à agência de informação financeira Bloomberg.

Para Javier Penino Vinas, o ‘default’ da Zâmbia na semana passada, ao falhar o pagamento de uma prestação de 42,5 milhões de dólares, vai fazer os investidores olharem com mais atenção para os emissores mais arriscados, mas isso não vai obrigatoriamente deixar de fora países como a Costa do Marfim, Nigéria e África do Sul.

Algumas nações em desenvolvimento, como o México, Rússia ou China já foram aos mercados internacionais em período de pandemia para aproveitar a descida na média das taxas de juro, que caiu para o valor mais baixo de sempre, para financiar a recuperação económica face ao impacto da covid-19.

“Não antecipamos que o resto do crédito para a África subsaariana seja afetado” pelo ‘default’ da Zâmbia”, disse o analista principal para África no banco Standard Chartered, em Londres.

“Dito isto, os investidores vão provavelmente prestar ainda mais atenção à dinâmica de outros países da África subsaariana com problemas de dívida ou com juros elevados”, apontou Samir Gadio.

Um desses países emissores é o Gana, que mantém a ideia de emitir 3 mil milhões de dólares de dívida pública no primeiro trimestre do próximo ano, e também a África do Sul, que incorporou no Orçamento para 2021 a ida aos mercados financeiros.

“Muitos países africanos em dificuldades, com o o Gana, deverão precisar de um fortalecimento significativo da sua posição orçamental, disse o analista de crédito Mark Bohlund, da consultora REDD Intelligence.

Angola, por seu lado, não deverá ir aos mercados tão cedo, até porque garantiu recentemente um aumento do financiamento através do Fundo Monetário Internacional e, por outro lado, considera que os juros praticados até há bem pouco tempo pelos investidores eram muito elevados, segundo a ministra das Finanças.

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