O Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, disse hoje em Luanda esperar que em Angola haja condições “para que as liberdades, as garantias e os direitos dos cidadãos sejam respeitados e que a democracia faça o seu caminho”.
José Maria Neves, que falava aos jornalistas à saída de um encontro com o seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentou esperar que a democracia em Angola garanta “políticas públicas voltadas para resolução dos problemas das pessoas”.
Questionado sobre se Angola está também a caminho de praticar a alternância democrática, como tem sucedido em Cabo Verde, José Maria Neves preferiu destacar as diferenças entre os dois países.
“Os países são diferentes. As realidades sociopolíticas são mais ou menos complexas, a realidade angolana, tendo vivido a guerra civil e conflitos internos, está num processo de consolidação das suas instituições democráticas e económicas e espero que as instituições se consolidem, que a democracia e o Estado de Direito também se afirmem”, disse.
“E que gradualmente tenhamos aqui condições para que as liberdades, as garantias e os direitos dos cidadãos sejam respeitados e que a democracia faça o seu caminho e que haja políticas públicas voltadas para a resolução dos problemas das pessoas”, acrescentou.
Sobre José Eduardo dos Santos, cujas cerimónias fúnebres se concluem neste domingo, com a presença de 21 chefes de Estado, e pretexto para a sua estada em Luanda, o Presidente cabo-verdiano destacou o falecido líder angolano.
“José Eduardo dos Santos foi um grande líder africano. Desempenhou um papel importante na transformação geopolítica da África Austral, democratização e o fim do ‘apartheid’ na África do Sul, mas também a Independência da Namíbia. Há todo o complexo processo de negociação nos Grandes Lagos de África”, salientou.
José Maria Neves destacou ainda o papel “muito importante” de José Eduardo dos Santos “na consolidação dos países africanos de expressão portuguesa. Mais do que isso aqui em Angola teve um papel importante na consolidação da paz, na garantia da integridade territorial de Angola, que foi um elemento extremamente importante”.
“Portanto, José Eduardo dos Santos é uma referência importante aqui da África e sobretudo de Angola”, concluiu.
Segundo dados divulgados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), quando estavam escrutinados 97,03% dos votos das eleições realizadas na passada quarta-feira, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975) obteve 3.162.801 votos, menos um milhão de boletins escrutinados do que em 2017, quando obteve 4.115.302 votos.
Já a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) registou uma grande subida, elegendo deputados em 17 das 18 províncias e obtendo uma vitória histórica em Luanda, a maior província do país, conseguindo até ao momento 2.727.885 votos, enquanto em 2017 obteve 1.800.860 boletins favoráveis.
No entanto, o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, contestou na sexta-feira a vitória do MPLA e pediu uma comissão internacional para comparar as atas eleitorais na posse do partido com as da Comissão Nacional Eleitoral (CNE).