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África: República da Zâmbia interessada nos “combustíveis de Angola” quer investir na refinaria do Lobito

O Presidente da Zâmbia disse hoje que o país está interessado em investir na refinaria do Lobito, em construção na província angolana de Benguela, considerando não fazer sentido importar combustíveis de outras partes do mundo quando tem um vizinho produtor.

Hakainda Hichilema, que realiza uma visita oficial de 72 horas a Angola, manteve hoje um encontro com o seu homólogo angolano, João Lourenço, e falou à imprensa no final da reunião de trabalho das delegações dos dois países, que assinaram seis instrumentos jurídicos para o reforço da cooperação entre os dois Estados.

O chefe de Estado zambiano salientou que o petróleo é um dos principais produtos de consumo, sublinhando a importância dos combustíveis para a economia da Zâmbia.

“Não sei como é que nós conseguimos manter esta situação de comprar combustíveis da Arábia Saudita e de outras partes do mundo e não a nível do nosso vizinho. Acredito que todos estão chateados com isto, porque o mercado está aqui próximo, e a Zâmbia também se devia sentir mal, que não estejamos a comprar ao nosso familiar que está na próxima esquina, na mesma casa, isto é inaceitável”, frisou.

De acordo com o programa de visita, Hakainda Hichilema desloca-se quinta-feira a Benguela, onde deverá visitar o Corredor do Lobito e as obras de construção da refinaria do Lobito.

Por sua vez, João Lourenço disse que as obras de construção da refinaria do Lobito deverão estar concluídas em 2026, destacando a importância da execução de outros projetos para melhor servir o país vizinho em termos de combustíveis.

“Os combustíveis são importantes para o desenvolvimento de qualquer economia, os combustíveis é energia. É muito natural que a Zâmbia, sendo nossa vizinha, tenha bastante interesse em adquirir esses combustíveis em Angola, no país vizinho, sobretudo quando Angola tiver capacidade maior de refinação do petróleo bruto que extrai”, referiu o Presidente angolano.

João Lourenço informou que foram retomados os trabalhos para a conclusão da refinaria do Lobito, e neste intervalo, outros projetos que devem ser executados, nomeadamente a construção do canal ferroviário Luacano/Jimbe, para fazer chegar os combustíveis da refinaria do Lobito à Zâmbia por via-férrea, em cisternas sobre carris.

“Mas uma solução melhor do que essa de transportar os combustíveis por via-férrea é sem sombra de dúvidas a construção de uma ‘pipeline’ entre a cidade do Lobito e a Zâmbia”, afirmou.

Segundo João Lourenço, este projeto, que tem vindo a ser pensado há algum tempo, mantém-se de pé, e a sua construção está sob responsabilidade da parte zambiana, “que inicialmente tinha indicado uma empresa, mas que por qualquer razão essa empresa acabou por ser substituída por uma outra”.

“Acredito que este passo de substituição da primeira empresa terá a ver com certeza com a necessidade de se imprimir uma maior velocidade no projeto de construção do ‘pipeline’”, frisou.

Da parte angolana, garantiu João Lourenço, serão dadas todas as facilidades no sentido de se construir a ligação em tempo útil, ou seja, antes da conclusão da refinaria do Lobito.

Na conferência de imprensa, o Presidente angolano manifestou-se confiante que as economias dos dois países vão evoluir se “houver trocas comerciais fáceis, se houver investimento angolano na Zâmbia e se houver investimento zambiano em Angola”.

“É para isto que estamos a trabalhar e acreditamos que desta vez não estamos aqui para apenas nos limitarmos a assinar acordos de cooperação, apenas a manifestar intenções de interesse, mas estamos aqui para fazer as coisas acontecerem”, salientou.

João Lourenço disse também que Angola conta com o país vizinho, com o qual partilha uma fronteira comum de 1.110 quilómetros, para o repovoamento de gado, matéria de que a Zâmbia é “muito forte”.

“Nós queremos ir beber a sua experiência, Angola tem a necessidade de repovoar o país em gado, particularmente gado bovino, para além da possibilidade de comprarmos carne da Zâmbia como produto acabado para consumo imediato do nosso mercado”, destacou.

 

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