A decisão da União Africana (UA) de galardoar o prémio de Campeão da Paz e Reconciliação foi recebida em Luanda com diferentes leituras com alguns a descreverem a decisão de “palhaçada” mas outros reconhecendo o crescente papel do presidente na resolução de conflitos interna e externamente. Mas especialista diz que Angola é agora exemplo a seguir em África de capacidade de mediação.
O jornalista e deputado independente Makuta Nkondo socorre-se de um provérbio na sua língua materna – “Via com ele para o conhecer melhor” – para dizer que o prémio foi mal atribuído.
“Eu convido estas pessoas a virem viver em Angola e vão conhecer a pessoa a quem deram este prémio”, disse acrescentando que “esta atribuição é uma afronta e falta de respeito ao povo angolano, uma distinção muito mal entregue”.
O jurista Manuel Cangundo questiona, como é possível alguém ser premiado de algo que no seu país não consegue alcançar, nomeadamente reconciliar-se reconciliar com os seus.
“Isto até soa a insulto aos angolanos, aqui não acredito que alguém o vai considerar campeão de alguma coisa, aliás o presidente angolano pode sim ser considerado campeão mas não de reconciliação, pode é ser campeão da fraude ou de actos fraudulentos”, disse.
O pesquisador social Nuno Álvaro Dala diz que este premio resulta de lobbies sendo “uma farsa porque para nós em Angola a reconciliação nunca existiu na prática, e João Lourenço paradoxalmente é o principal factor, tal como ja era José Eduardo dos Santos, a inviabilizar esta reconciliação”.
“Por isso este prémio é mais uma palhaçada que é típica de regimes que fingem ser democráticos e de direito e recorrem a mecanismos plásticos, ou baton, para disfarçar a sua verdadeira natureza”, acrescentou.
Mas há quem pensa que a distinção foi bem entregue. A especialista em relações internacional Emília Goreth Pinto disse que “Angola oferece oportunidades diferenciadas em relação aos demais estados africanos, Angola hoje é tida como exemplo a seguir e tem dado sinais que é capaz de mediar conflitos e prestar pareceres a vários estados em conflito, sem precisar recorrer a mediadores que venham do ocidente”.
“Angola já o demostrou que é capaz”, acrescentou.