O Presidente de Cabo Verde considerou hoje a sua visita a Angola como um “tributo dos cabo-verdianos pela forma amiga como Angola tem tratado Cabo Verde”, pelo que a sua presença constitui uma “grande homenagem ao heroísmo dos angolanos”.
“Esta é a minha primeira visita de Estado enquanto Presidente da República e a escolha de Angola não foi por mero acaso, temos relações históricas, de consanguinidade entre os nossos dois países e Angola tem sido um grande amigo de Cabo Verde”, afirmou José Maria Neves, em Luanda.
Segundo o chefe de Estado cabo-verdiano, Angola “é um parceiro que tem dado desde a primeira hora um grande contributo para o desenvolvimento” do seu país, e a “esta visita é um tributo de Cabo Verde, dos cabo-verdianos, pela forma amiga como Angola tem tratado Cabo Verde”.
“Não só nas relações económico-empresariais, mas também na forma como tem acolhido os cabo-verdianos e hoje temos dificuldade em dizer se são mesmo cabo-verdianos ou angolanos descendentes de cabo-verdianos tendo em conta os níveis de integração aqui em Angola”, assinalou.
José Maria Neves cumpre o seu primeiro dia de trabalhos no quadro da sua primeira deslocação de Estado ao exterior, após iniciar funções em novembro de 2021, e teve hoje conversações oficias com o seu homólogo angolano, João Lourenço.
Em declarações conjuntas, no Palácio Presidencial à cidade alta, em Luanda, sublinhou que a sua visita se traduz também num “tributo” que presta “a Angola, uma grande homenagem ao seu heroísmo, à sua tenacidade”.
“À forma destemida como tem enfrentado os diferentes desafios para o seu desenvolvimento e queremos demonstrar o quanto o reconhecido nos sentimos com esta forma que Angola se tem posicionado na região aqui da África Austral, central e a nível do continente africano”, apontou.
“E contamos com Angola, como um importante parceiro, para continuarmos esta gesta de desenvolvimento de Cabo Verde, mas a África também conta com Angola para a construção de uma África justa, moderna, inclusiva e com todas as oportunidades para os seus filhos”, realçou José Maria Neves.
O chefe de Estado de Cabo Verde, na sua intervenção, manifestou-se também “regozijado pelos caminhos abertos” de cooperação nos mais diferentes domínios, nomeadamente nos transportes aéreos e marítimos, aeronáutica civil, hotelaria e turismo, ensino superior, tecnologia e inovação.
José Maria Neves, que convidou o seu homólogo a visitar este ano Cabo Verde, convite que foi aceite, acredita que com a presença de João Lourenço no arquipélago “serão lançados definitivamente todos os caminhos para o reforço de relações de amizade e cooperação”.
“Porque é nosso desejo que Cabo Verde se transforme num ‘hub’, numa plataforma de negócios de Angola naquela região da África Ocidental”, notou.
Antes de se encontrar com Lourenço, José Maria Neves visitou durante a manhã o Memorial António Agostinho Neto, monumento em homenagem ao primeiro Presidente angolano e poeta.
Aludindo a um dos seus poemas, estampado no memorial, o Presidente cabo-verdiano afirmou que os escritos de Agostinho Neto “inspiram os países africanos, sobretudo Angola e Cabo Verde, a continuarem a trilhar o caminho da paz e o desenvolvimento”.
“O facto de eu ter realizado esta primeira visita demonstra bem que Angola é uma das mais importantes janelas para se ver este novo mundo em construção”, realçou.
Por seu lado, João Lourenço recordou, na conferência de imprensa conjunta, que Angola “ainda não manifestou interesse” de ser país observador da Comunidade de Desenvolvimento da África Ocidental (CEDEAO), “mas quando assim for, terá como padrinho Cabo Verde”.
“Temos a certeza de que quando algum dia isso acontecer, teremos padrinhos que vão apoiar o nosso pedido de admissão e, sem sombras de dúvidas, que um desses padrinhos será com certeza Cabo Verde”, afirmou.
E, em resposta, se Angola se candidatar a observador da CEDEAO, José Maria Neves assegurou: “Terá o nosso apoio”.