Yoweri Museveni, de 76 anos, tomou posse esta quarta-feira (12.05) para o sexto mandato consecutivo. O Presidente está no cargo desde 1986 e terá mais cinco anos à frente do Governo.
O histórico de Museveni relativo à democracia e aos direitos humanos causa preocupação crescente aos ativistas no país e no estrangeiro. Os aliados no Ocidente, no entanto, parecem relutantes em perturbar um regime que tem contribuído para a estabilização da região.
Ao capturar instituições estatais para servir aos seus próprios interesses, Museveni conseguiu que o Parlamento alterasse duas vezes a Constituição para lhe permitir concorrer à Presidência – primeiro foi removido o limite de dois mandatos em 2005, depois abolido o limite de idade de 75 anos em 2017.
O Presidente chegou ao poder em 1986, depois de uma guerrilha de cinco anos. Na altura, foi acolhido por uma população cansada de derramamento de sangue, sucessivos déspotas e juntas militares ineficazes.
Dez anos depois, foi eleito Presidente. Museveni ganhou a confiança do Ocidente ao estabilizar um país propenso a golpes e conflitos desde a independência, em 1962.
Convidou a minoria asiática – expulsa por Idi Amin dez anos antes – a regressar ao país e a pôr em prática um modelo de economia mista, o que ajudou a promover o crescimento. Isto abriu a porta a uma assistência estrangeira substancial que tem fluído desde então e ajudado a consolidar o crescimento, estabilizando o regime de Museveni.
Teddy Atim, que nasceu em 1986, só conheceu o Uganda governado por Museveni. A jovem disse à DW que votou no Presidente porque espera beneficiar do fundo do Governo para o capital de arranque de empresas.
“Porque não teria eu votado nele? Agora que a posse está a chegar, porque não haveria de estar entusiasmada? Eu sei que, nos próximos cinco anos, vamos beneficiar dos projetos governamentais que se avizinham”, explica Atim.
Mwambutsya Mwebesa, historiador da Universidade de Makerere, é cético quanto ao cumprimento pelo Governo das suas promessas. Para Mwebesa, tratam-se de estratagemas para o Presidente permanecer no poder.
“O Uganda é um país muito pobre. As pessoas pobres nem sempre lutam por questões de direitos humanos ou mesmo por questões de direitos políticos. Normalmente perseguem questões de direitos de sobrevivência e Museveni permanecerá no poder enquanto os militares estiverem atrás dele”, analisa o historiador.
Um aparelho de segurança partidarizado tem sido um fator chave para a sobrevivência de Museveni no poder há mais de três décadas. No período que antecedeu as eleições presidenciais em fevereiro de 2021, esse sistema agiu contra a inquieta juventude urbana, fascinada pela promessa de renovação representada pelo carismático político da oposição Robert Ssentamu – um músico conhecido como Bobi Wine.
Wine foi alvo de perseguição durante o período eleitoral. Em entrevista exclusiva à DW, o opositor chamou a atenção para o sofrimento dos que discordam com o Presidente.