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Angola: A ministra Saúde Sílvia Lutucuta pode “estar a viver” os seus últimos momentos no Governo

O fim do ciclo de Sílvia Lutucuta no Ministério da Saúde está a ser precipitado pela ruptura das reservas da segunda dose da vacina Sputnik.

Em marco deste ano, o Presidente da República autorizou a compra de 6 milhões de doses da vacina russa, uma despesa que custou aos cofres públicos 111 milhões de dólares.

Pelo Decreto Presidencial nº 35/21, de 26 de Março, João Lourenço autorizou a despesa e abriu o Procedimento de Contratação Simplificada.

“À ministra da Saúde é delegada competência para a verificação da legalidade de todos os actos subsequentes no acto do procedimento até à formação e execução do contrato”, determinava o Decreto Presidencial.

A generalidade dos angolanos não sabe se essas vacinas ou parte delas já chegaram ao país.

O que é publico é que as 50 mil vacinas da Sputnik administradas nas primeira e segunda doses foram doadas pela empresa diamantífera russa Alrosa.

A semana passada, Sílvia Lucutucuta foi chamada à Procuradoria Geral da República para dar esclarecimentos sobre a compra da vacina russa. A PGR lida com a suspeita de sobrefacturação do preço da vacina russa.

Angola comprou a vacina russa pelo preço unitário de 18.5 dólares. Na altura em que foi autorizada a sua compra, o preço médio do imunizante russo era de 10 dólares.

A PGR também queria  explicações sobre se a compra da vacina russa envolveu algum intermediário.

Graças à uma doação da Alrosa, Angola iniciou na sexta-feira, 16, quase três meses depois, a administração da segunda dose da Sputnik. Mas na quarta-feira, apenas um dia depois de haver vacinado o Presidente da República, esposa e outros altos dignitários, o Ministério da Saúde anunciou o fim das vacinas. As 25 mil doses da vacina doadas pela diamantífera russa “evaporaram-se” em menos de 4 dias.

Naquele mesmo dia, 21, o Ministério da Saúde disse, num comunicado,   “já não dispor mais da componente 2 da Vacina Sputnik”. No mesmo documento, o MINSA  “tranquiliza os utentes que devem tomar a segunda dose da referida vacina a aguardarem a convocatória pelos canais habituais”. Pouco depois, a médica Filismina Neto, coordenadora do centro de vacinação do Paz Flor disse: “Vamos aguardar, vamos aguardar. Como diz a senhora ministra, nós temos até 90 dias para podermos cobrir esta populacão”.

O Ministério da Saúde não tem nenhum laboratório que fabrica vacina contra a Covid-19. O fabricante da Sputnik diz que o imunizante só é eficaz quando as suas duas doses são tomadas num intetvalo de 21 dias.

Os 90 dias de que Filismina Neto fala são já uma “invenção” dos “cientistas” angolanos…

Com bom “trânsito” no palácio presidencial, onde, ao que consta, teria um “porto seguro”, Sílvia Lucutuca deixou-se tomar pela arrogância. Na Comissão Multissectorial de Combate à Pandemia da Covid-19 é descrita pelos seus colegas como “presunçosa e irascível”.

Há recorrentes relatos de que depois da cada reunião da Comissão, Sílvia Lutucuta pede audiência ao Presidente da República. Depois da audiência, frequentes vezes a ministra da Saúde anuncia decisões não sufragadas na reunião da Comissão.

É-lhe atribuída “inflexibilidade total” diante de propostas que visam  suavizar algumas restrições à actividade económica.

O cerco sanitário à província de Luanda, já insustentável sob o ponto de vista epidemiológico, uma vez que o corona vírus circula por todo o país, é um dos “brinquedos” preferidos da ministra da Saúde.

Com imensos recursos financeiros colocados à disposição da Comissão Multissectorial, Sílvia Lutucuta transformou a luta contra a pandemia também num desfile de caprichos e de despesismo. Tal é o caso, por exemplo, dos testes pós-embarque obrigatórios. A generalidade da classe médica considera desnecessários e inúteis tais testes. Angola é, provavelmente, o único país que adoptou tal prática.

Sílvia Lucutucuta não é muito dada à prestação de contas. Em Fevereiro deste ano, ela disse que o Governo já tinha gasto 32 mil milhões de kwanzas para combater a pandemia.

Numa entrevista à TPA, ela não disse exactamente como e onde foi empregue essa dinheirama.

Mas salta aos olhos de todos que a pandemia da Covid-19 “coincidiu” com o enriquecimento dos guarda-fatos de alguns integrantes da Comissão Multissectorial.

A iminente exoneração de Sílvia Lutucuta pode atender, também, a insistentes e indirectos pedidos dela própria. Desde que a Covid-19 foi admitida em Angola, em Março de 2020, a ministra da Saúde sempre disse que lidar com a pandemia exige do Governo “muito esforço”. Até mesmo quando se desloca ao Centro de Imprensa para os briffings diários, Sílvia Lutucuta alude a “muito esforço”.

Não sendo surdo e nem cego, o Presidente da República por certo que toma em consideração as indirectas alusões ao cansaço.

 

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