O político angolano Abel Chivukuvuku disse hoje que, enquanto liderava a CASA-CE, segundo partido da oposição angolana, propôs às outras forças políticas opositoras que participassem nas eleições autárquicas como um bloco e a ideia foi aceite.
Abel Chivukuvuku, que falava em conferência de imprensa para dar a conhecer o ponto de situação do processo de legalização do PRA-JA Servir Angola, seu novo projeto político, garantiu hoje que com ou sem partido, vai continuar a participar na vida política nacional, lembrando que para se candidatar às eleições autárquicas precisa apenas de ter 500 assinantes.
A realização das primeiras eleições autárquicas em Angola estava prevista para este ano, mas não aconteceram, segundo o Governo angolano, por falta de condições, entre as quais a não conclusão do pacote legislativo autárquico e a pandemia da covid-19.
Segundo Abel Chivukuvuku, em 2018 e 2019, quando se discutia a realização das primeiras eleições autárquicas, na altura ainda presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), propôs à União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e Partido da Renovação Social (PRS), partidos da oposição com assento parlamentar, que participassem como força única.
“E já tínhamos concordado que nas eleições autárquicas não devíamos, dentro da oposição, competir entre uns e outros, para que houvesse só dois blocos, o bloco do partido no poder e o bloco das oposições e a sociedade civil”, disse.
“Iríamos jogar com o fenómeno das vantagens comparativas. Onde tivéssemos perceção que determinado partido tinha mais vantagens todos apoiávamos só aquele partido para reduzir a hegemonia, infelizmente, não tivemos eleições autárquicas e o panorama político nacional do país mudou”, acrescentou.
O político defendeu que é preciso capacidade para deixar sempre “as portas abertas para a inovação, para coisas novas e mediante a conjugação de ideais, princípios e valores que podem sustentar qualquer tipo de projeto”.
Para Abel Chivukuvuku, a responsabilidade de não se realizar eleições autárquicas este ano, um imperativo constitucional, é exclusiva do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, lembrando que por iniciativa do Presidente da República, João Lourenço, o Conselho da República analisou um horizonte temporal para a realização de eleições autárquicas e concordou que as mesmas tivessem lugar em 2020.
“Tivemos uma diferença profunda entre o partido no poder e todos os partidos na oposição, a sociedade civil e as igrejas no que diz respeito ao gradualismo na implementação das autarquias”, referiu, salientando que o gradualismo territorial defendido pelo MPLA e a realização em simultâneo das eleições dividiu as partes.
“O meu entendimento é que o MPLA percebeu que com a realização das autárquicas em 2020 iria objetivamente perder a hegemonia que tem no exercício do poder político nacional”, sublinhou.
Segundo o político, “tudo o que houve é medo, a ideia de que a Assembleia Nacional não concluiu o pacote legislativo é de responsabilidade do MPLA, porque a mesa da Assembleia Nacional é presidida por alguém do MPLA, a maioria parlamentar é do MPLA, se eles não quiserem institucionalizar é porque têm receio das eleições autárquicas, simplesmente isso”.