Um dia muito triste, hoje, 8 de Maio de 2021. Perdemos o nosso companheiro Raul Manuel Danda, um homem de Cabinda que se notabilizou no combate por uma Angola melhor. Conheci-o em meados dos anos 80 quando ele chegou à Jamba para dar o seu contributo à ocupação russo-cubana do país. Naquela altura, Raul Danda notabilizou-se como radialista na VORGAN (Voz da Resistência do Galo Negro), emissora de combate da UNITA.
Em 1992, aderiu à dissidência dos mais velhos Miguel N’Zau Puna e Tony da Costa Fernandes. No dia anterior a ter deixado a Jamba, foi se despedir de mim na minha casa do Hospital Central: “estou a ir” – disse-me. Nesse dia, falamos pouco, mas desejei-lhe boa viagem.
De 2021 a 2016, foi notável como Presidente do Grupo Parlamentar da UNITA. As suas intervenções faziam a diferença. Quando aconteceram os trágicos incidentes do Monte Sumi, dirigiu com coragem e abnegação a delegação da UNITA que tentou investigar o sucedido.
Em 2016, foi nomeado Vice Presidente da UNITA e no Congresso de 2019 foi um dos candidatos à Presidência da UNITA. Antes de anunciar publicamente a sua candidatura, num almoço em Lisboa, confidenciou-me que iria se candidatar e estava confiante da sua victória.
Desde o último Congresso da UNITA foi nomeado Primeiro Ministro do Governo Sombra do Partido e desempenhou com zelo as suas funções. No Parlamento, era o Presidente da X Comissão (Comissão dos Direitos Humanos, Petições, Reclamações e Sugestões dos Cidadãos).
Era um poliglota comprovado: falava mbinda, português, francês, inglês, kikongo, lingala e umbundo. Às vezes, concorria com o meu falar em umbundu.
Nas suas relações, era de um trato fácil. Tratava com muita cordialidade os seus amigos e companheiros de luta.
Era um político cheio de convicções e extremamente polivalente. Era respeitado pelos dirigentes de outros partidos políticos.
Com a sua morte a UNITA e o país perdem uma grande figura, perante cuja memória me curvo respeitosamente. À família enlutada, apresento os meus mais sentidos pêsames.
Paz à sua alma.