O advogado dos familiares do jovem morto em 11 de novembro, na sequência de uma manifestação em Luanda, entregou junto das autoridades angolanas um requerimento para que seja feita uma autópsia independente.
“Foi entregue na terça-feira um requerimento dirigido ao Serviço de Investigação Criminal e à Procuradoria-Geral da República pedindo uma autópsia independente”, disse à Lusa Zola Bambi.
Inocêncio de Matos, de 26 anos, morreu na sequência de confrontos em Luanda entre polícia e manifestantes, na semana passada, no dia da independência em Angola, havendo versões contraditórias quanto às causas da morte.
Um relatório do hospital Américo Boavida indica que o jovem foi submetido a uma intervenção cirúrgica e apontam como causa da morte uma agressão na cabeça com objeto contundente, não especificado.
Testemunhas que acompanhavam o estudante relatam que o jovem morreu no local depois de ser atingido por uma bala disparada pela polícia, que, no entanto, descarta quaisquer responsabilidades.
Zola Bambi, representante da família, já disse que vai processar o Estado e a polícia angolana, estando a efetuar diversas diligências, entre as quais o pedido de autópsia.
“O corpo tem as provas necessárias para que seja depois elaborado o laudo que vai sustentar o processo”, explicou.
O requerimento solicita que seja autorizada, num prazo de 24 horas, uma autópsia, que será acompanhada por um familiar, um advogado do escritório que representa a família, dois médicos e um fotógrafo.
Zola Bambi esteve hoje na morgue central de Luanda, acompanhado de familiares de Inocêncio de Matos, para fazer o reconhecimento do corpo.
Em 11 de novembro, milhares de jovens que queriam chegar ao centro de Luanda para participar numa manifestação foram travados pela polícia, com recurso a gás lacrimogéneo e canhões de água.
A polícia afirmou ter usado apenas meios não letais para dispersar os manifestantes.