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Angola: Afastada de momento privatização do “banco angolano BPC”

O administrador do Banco de Poupança e Crédito (BPC), Victor Cardoso, descartou hoje a possibilidade, por agora, de uma privatização do maior banco público angolano, perante as dificuldades que apresenta

“Privatização isto é um assunto que diz respeito, somente, aos acionistas. Se o banco estaria em condições de ser atrativo para o investidor colocar dinheiro no banco, realisticamente eu diria que temos que embelezar essa noiva primeiro para ir a casamento e é o que nós estamos a fazer”, disse Victor Cardoso, num encontro realizado hoje com a imprensa para abordar o ponto de situação do Plano de Recapitalização e Reestruturação (PRR) do BPC.

Victor Cardoso, que apresentou indicadores do banco, referiu que banco foi recapitalizado com 591 mil milhões de kwanzas (790 milhões de euros), garantida quase que exclusivamente por títulos de tesouro, alguns não indexados, tendo a capitalização em numerário sido de apenas 15 mil milhões de kwanzas (20 milhões de euros), garantido pelo novo acionista, o Instituto de Gestão de Ativos do Estado (IGAP, com 37,3% de participação).

O Plano de Recapitalização e Reestruturação (PRR) será implementado nos próximos três anos e prevê que serão necessários 880,1 mil milhões de kwanzas (1,3 mil milhões de euros) para capitalizar o banco, deste montante 163,7 mil milhões são do seu maior acionista o Ministério das Finanças, sob forma de títulos, enquanto o IGAPE injetou 396 mil milhões em títulos e 15 mil milhões em numerário.

Segundo o administrador, o banco detém nesta altura 13 participações financeiras, depois de um diagnóstico da situação e somente cinco é que apresentam alguma viabilidade, “tudo o resto são empresas que umas nem saíram do papel, outras não têm qualquer atividade económica, encontram-se em situação de falência técnica e outras até já declararam falência”.

“Daquelas participações que têm alguma viabilidade, destacamos a Mundial Seguros, em que o banco tem 70% da empresa, também uma participação de 10% na CREP, uma empresa de exploração petrolífera, na qual tem dois tipos de exposição – acionista e credor – aqui estamos a preparar o processo de alienação em bolsa, em leilão”, indicou.

Relativamente à BPC imobiliária, Victor Cardoso considerou delicada a sua situação, necessitando de uma injeção de capital “muito grande”, sendo a opção a liquidação de ativos da sociedade.

“A empresa não tem autonomia financeira, alguns custos são suportados pelo próprio banco”, disse.

O administrador informou que o banco tem igualmente um plano de alienação de imóveis, acumulados ao longo da sua existência para suportar a atividade bancária e para atender as necessidades dos trabalhadores.

“O que é certo é que o banco tem muitos ativos imobiliários e a própria BPC Imobiliária, fizemos um plano de alienação de imóveis e dentro dos próximos dias esperamos materializá-lo com a venda dos primeiros 40 imóveis, via leilão online, e para dinamizarmos esse processo o banco nalguns casos estará disponível para conceder crédito à habitação”, explicou.

 

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