A Agência Nacional do Petróleo de Angola vai lançar um concurso para a exploração de três poços de petróleo no Baixo Congo e mais seis nas bacias Kwanza até final de Abril, anunciou hoje o Presidente desta Agência.
De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, as rondas de licitação vão decorrer durante o primeiro semestre deste ano e terão uma taxa de entrada de 1 milhão de dólares, a pagar pelas petrolíferas que concorram à exploração destes novos poços petrolíferos.
O presidente da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis, Paulo Jerónimo, disse à Bloomberg que o objetivo desta iniciativa é aumentar a exploração e a descoberta de novos recursos.
As declarações do responsável surgem na mesma altura em que a consultora Fitch Solutions elogiou a estratégia do Presidente João Lourenço para o setor, considerando que é positiva e melhora a perspetiva de evolução do setor, fundamental para relançar a economia.
“Os novos blocos atribuídos na última ronda de licenciamento oferece potencial para crescimento das reservas e da produção no futuro, ao passo que as mudanças no panorama fiscal e regulamentar também apontam para passos na direção certa, melhorando a atratividade do setor para os investidores internacionais”, escreveram os analistas da Fitch Solutions.
Numa análise ao setor do petróleo e gás, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings escrevem que “a estratégia de exploração de hidrocarbonetos entre 2020 e 2025 melhora a perspetiva de evolução do setor do gás e petróleo em Angola”.
Na análise, a Fitch Solutions estima que a produção suba de 1,2 milhões de barris este ano para cerca de 1,3 milhões de 2021 até 2023, alertando que o cumprimento das metas definidas pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo, em que Angola vai ocupar a presidência rotativa a partir de 01 de janeiro, “vai pesar na produção até abril de 2022”.
Mais otimista, o presidente da Câmara de Energia Africana (CEA) em Angola disse hoje que a produção de petróleo no país pode chegar a 1,4 milhões de barris diários, nas vésperas de assumir a presidência da OPEP.
“Angola deverá manter a sua produção estável de acordo com o que foi estipulado no acordo com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que tem tido o cuidado de analisar para além do quadro na área petrolífera, questões económicas e socioeconómicas dos países membros”, disse Sérgio Pugliese em entrevista à Lusa.
Para o presidente da CEA em Angola, a OPEP e os países aliados têm “ajudado os países membros cujas economias estão mais pressionadas pela redução dos preços, o que foi visível em 2019 quando vários países tiveram uma moratória e não lhes foi exigida uma redução na produção”, que, no caso de Angola, deverá ficar abaixo dos 1,5 milhões de barris diários nos próximos anos.
“A produção de Angola nos próximos dois a três anos vai estar acima dos 1,2 milhões de barris diários, podendo chegar a 1,4 milhões com a entrada de projetos que causaram um incremento que deve sustentar o nível de produção acima dos 1,2 ou 1,3 milhões de barris”, disse o responsável, acrescentando que nos próximos anos o valor pode até subir.
“Depois de 2022, a perspetiva de evolução da produção de petróleo em Angola está dependente da capacidade do país atrair investimento de exploração, já que as reformas regulamentares desde 2017 tornaram as águas de Angola extremamente competitivas para os investidores, a que se junta a estratégia de licitação entre 2019 e 2025, que é muito ambiciosa”, apontou Sérgio Pugliese, destacando que “as petrolíferas mostram grande interesse”.