Um agente da Polícia Nacional foi morto por disparo de arma de fogo, este domingo, na vila de Calulo, município do Libolo, província do Cuanza Sul, enquanto tentava dispersar um motim, em companhia de colegas.
No mesmo acto, um efectivo das Forças Armadas Angolanas também ficou gravemente ferido por disparo de arma de fogo. Os tiros foram feitos supostamente por um colega dos dois alvejados, de forma involuntária.
De acordo com o administrador municipal do Libolo, Rui Miguel, em declarações hoje à Angop, o ferido, 1º cabo das Forças Armadas, encontra-se estável e internado no Hospital Municipal local.
“As forças de defesa e segurança foram chamadas para dispersar um motim, em que um grupo de jovens agredia um ancião de 70 anos de idade, acusado de ter enfeitiçado um jovem falecido por afogamento no dia 19 (quinta-feira), no Rio Longa”.
O grupo de jovens, em número não revelado, estava munido de pedras, paus, catanas, machados e materiais ferrosos, com os quais tentava a todo custo sacrificar o idoso, tendo este sido protegido pela polícia, na esquadra local, onde os mesmos efectuaram actos de vandalismo.
De acordo com moradores, tem sido recorrente na circunscrição a crença no feiticismo, resultando muitas vezes em actos de agressão física.
Na tentativa de apaziguar essas acções, a polícia tem sido solicitada e os insurgentes chegam, inclusive, a vandalizar os meios e a própria esquadra policial.
Os moradores adiantam que, em menos de 30 dias, cinco pessoas foram mortas gratuitamente, no município do Libolo, acusadas de feitiçaria.
A propósito, a Angop ouviu o sociólogo Óscar Boaventura, que considera este comportamento decorre do facto de, na cultura Bantu, o morto ter uma palavra a dizer aos vivos, tendo em conta o que reserva a filosofia antropológica africana, segundo a qual, há vida após a morte.
O estudioso apelou as igrejas e o governo a desenvolverem estudos sociológico e antropológico, para se saber de concreto o que os motiva a manterem estes hábitos.
Por sua vez, “o pároco da igreja Nossa Senhora da Conceição, no Sumbe, Fernando Francisco, disse que esse comportamento decorre de uma tradição africano, em que são culpadas pessoas próximas pela morte de alguém”.
Fez saber que o cristianismo tem estado a contribuir para fragilizar estas práticas que maculam a convivência entre os homens.
Entretanto, a administração local começou esta segunda-feira, a auscultar autoridades tradicionais, seguir-se-ão os líderes religiosos e a juventude, no sentido de se desencorajar a crença no feiticismo.
Segundo o administrador, aventa-se a possibilidade de se envolver a PGR para que os munícipes ganhem cultura jurídica e pautem pela sã convivência social.
Neste ano, esta é a segunda vez que acto semelhante se regista no município do Libolo. A primeira ocorreu em Janeiro, tendo os populares invadido e vandalizado a esquadra policial local.