Os advogados dos 30 ex-membros do comando “Tigres”, absolvidos na semana passada pelo Tribunal da Comarca de Luanda, vão avançar com um processo-crime contra os elementos do Estado que os detiveram e torturaram. Defesa diz que quer também “ver responsabilizado o procurador militar que esteve por trás das detenções”.
Eles dizem ter sido alvos de uma “cabala” montada supostamente pelo tenente-coronel Leonor Almeida, citado em tribunal, como tendo sido a figura que enganou os ex-comandos que se reuniram no Quilómetro 38, em Luanda, alegadamente para ver resolvido o enquadramento na caixa social das Forças Armadas Angolas (FAA), mas que no final foram presos e torturados.
No dia da leitura do acórdão, a juíza Josina Falcão ordenou a extração das cópias da acta para a abertura dos competentes processos.
Salvador Freire, membro da equipa de defesa dos 30 ex-militares, explica, que além dos pequenos supostos violadores, também “querem ver responsabilizado o procurador militar que esteve por trás das detenções”.
Freire diz que os ex-militares, em nenhum momento planificaram qualquer golpe de Estado, e que “foram alvos de várias sevícias” e por isso “querem a responsabilização dos mesmos”.
A VOA não conseguiu falar com nenhum dos ex-comandos tigres, nem com os acusados.
O caso envolve a inserção dos chamados rebeldes “catangueses” nas FAA, durante a década de 1970.
Um desses grupos foi liderado pelo conhecido general Nathaniel Mbumba, que regressou à República Democrática do Congo (RDC), e outro pelo comandante Roberto Cafunda, que teria sido incorporado no regimento dos “Tigres”.