Terminou o prazo para a entrega de candidaturas à liderança do MPLA. Subcomissão deverá apreciar intenção de António Venâncio concorrer ao posto, embora o candidato assuma recear algumas figuras dentro e fora do partido.
Os membros da subcomissão de entrega de candidaturas à liderança do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) reuniram-se esta segunda-feira (08.11), em Luanda, para avaliar as candidaturas e a missiva do pré-candidato António Venâncio ao cargo de presidente do partido. Em cima da mesa está uma possível prorrogação do prazo da apresentação das candidaturas.
Segundo fonte do MPLA a que DW teve acesso, o encerramento da apresentação das candidaturas à liderança deste partido compele a subcomissão à apreciação da missiva de António Venâncio, enviada no dia 4 de novembro, na qual o pré-candidato pede o alargamento do prazo de candidaturas. A DW África procurou ouvir o secretário-geral do MPLA, Paulo Pombolo, mas este recusou-se a prestar declarações. “Eu não tenho nada a falar contigo”, frisou.
Medo da incompreensão
Embora António Venâncio se tenha mostrado vezes sem conta irredutível na sua intenção de se candidatar à liderança do MPLA no oitavo congresso que acontece em dezembro, o candidato receia as represálias dentro do partido.
“O medo que eu tenho é de não ser compreendido, pelos meus melhores amigos, pelos meus melhores camaradas, pelos meus familiares, é esse o medo que eu tenho”, adiantou.
De acordo com o jurista Joaquim Ernesto, os receios já eram de se esperar para quem se opõe ao núcleo duro do MPLA. Segundo ele, houve má-fé por parte da subcomissão face às desvantagens que o pré-candidato enfrenta.
“Se ele fala que está a ser coagido, ao ser ameaçado, já não se trata de uma questão de partido, trata-se de uma questão de crime. Ele deve reunir todas essas provas que, de certa maneira, se consubstanciam em ameaças sobre a sua candidatura”, aconselha o jurista.
Elogiado pela sociedade civil
Muitos membros de organizações da sociedade civil elogiam a coragem de António Venâncio. Porém, até dezembro ainda há muito calendário político a anteceder a realização do congresso do partido que governa Angola há cerca de 46 anos.
Para o ativista Israel da Silva, advogado em Malanje, o prazo para entrega de candidaturas à liderança da força no poder não será estendido pela subcomissão.
“Vão fazer todas as manobras dilatórias para o manter”, garantiu. “A não ser que haja uma pressão externa, assim como o exemplo de outras vozes mais pesadas”, concluiu.