“O país precisa de mudar e o Executivo deve perceber que não é possível governar mal a todo tempo”, diz José Candeeiro
Angola tem registado ao longo dos últimos 10 anos a agudização das convulsões sociais por força do agravamento da fome e da pobreza que graça o povo, e analistas dizem que o Executivo deve abordar as raízes e não simplesmente agredir os manifestantes.
Diferentes grupos socais têm estado a reclamar nas ruas por melhores condições de vida, acesso ao emprego, educação de qualidade, igualdade de oportunidades, combate contra impunidade e corrupção, assim como uma justa distribuição da riqueza nacional.
“As convulsões sociais, que dia após dia vão ganhando corpo, em Angola, resultam da vontade dos cidadãos de querer retirar o governo do poder”, diz o jurista e pedagogo José Candeeiro, que argumenta que povo entende que “viver bem é urgente”.
A onda de manifestações caminha para uma situação insustentável, diz o jurista para quem a mensagem clara das contínuas crispações sociais em Angola é a de que se trata de uma saturação social.
“O país precisa de mudar e o Executivo deve perceber que não é possível governar mal a todo tempo”, sublinha.
Por seu turno, o filósofo Mwata Sebastião, que recorda que Angola vive uma crise económica resultante de uma gestão corrupta e com grave impacto em áreas como saúde e a educação, diz que as autoridades têm dificuldades em tolerar manifestações.
“Quando ocorrem estas manifestações, tem sido desproporcional a força que a polícia usa.
O Executivo precisa perceber, de uma vez por todas, que não é a força que vai resolver o problema; aliás quanto mais força usar, mais teimosamente estará a juventude”, diz Sebastião.
As autoridades, diz Sebastião, devem compreender que “o problema não é o grupo de cidadãos que saem para reivindicar, mas a falta de inteligência para combater as verdadeiras causas”, que causam as manifestações.