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Angola: Autoridades “negam sequestros e raptos em Luanda”

O Serviço de Investigação Criminal (SIC) de Angola negou hoje casos de sequestros e raptos de pessoas, que têm sido relatados nos últimos dias na província de Luanda, nos últimos dias, apontando como móbil do crime os roubos.
Em conferência de imprensa, promovida hoje pela direção-geral do SIC, o diretor nacional de combate ao crime organizado, comissário de investigação criminal Pedro Lufungula, disse que a instituição tem estado a acompanhar com alguma preocupação a situação, sublinhando que essas informações partilhadas nas redes sociais estão a exercer “uma influência negativa no sentimento de segurança das populações”.

Pedro Lufungula referiu-se a casos, difundidos nos últimos dias nas redes sociais, nomeadamente um áudio, em que uma mulher dá conta de uma suposta tentativa de sequestro de que foi vítima.

Segundo o responsável, este áudio não oferece dados que permitam a realização de ações investigativas, pois os factos que relata não foram presenciados por nenhuma autoridade policial, nem a lesada apresentou queixa no SIC. No entanto, adiantou, estão em curso diligências para o esclarecimento deste caso.

Sobre dois vídeos que relatam uma ocorrência resgistada na avenida dos Combatentes, em Luanda, na semana passada, que foi interpretada como tentativa de sequestro ou rapto, Pedro Lufungula disse tratar-se de um crime de roubo, tendo sido detidos três dos seus autores, bem como apreendida a viatura utilizada na prática de crimes.

“Não se tratou, portanto, de tentativa de sequestro ou rapto como se anunciou no vídeo”, disse.

Relativamente à partilha de inúmeras fotografias de pessoas supostamente desaparecidas, as investigações levadas a cabo pelo SIC permitiram apurar que vários casos se referem a anos anteriores, tendo já sido esclarecidos, sendo relativos a pessoas que regressaram ao seio familiar.

“Várias outras situações dadas como pessoas desaparecidas têm a ver com o abandono das residências por desavenças no seio de família, isto é violência, demência, violência doméstica, bem como por razões de saúde”, explicou.

Pedro Lufungula avançou ainda que adolescentes e jovens têm sido dadas como desaparecidas quando se encontravam em ambientes com os seus namorados e amigos e outras companhias, sem conhecimento e autorização dos seus tutores.

“Há ainda a assinalar vários exemplos, como o caso de um jovem que foi dado como desaparecido, mas que se encontrava detido, desde o dia 04 a 14 de janeiro, por envolvimento na prática de um crime, encontrando-se já no seio familiar”, referiu, indicando ainda o caso de um diplomata, dado como desaparecido, “quando, na verdade, devido a conflitos familiares abandonou a sua residência habitual, depois de constituir um outro lar onde se encontra a viver”.

O diretor nacional de combate ao crime organizado assinalou ainda que estão a ser investigados quatro outros casos, cujo esclarecimento deverá ser feito nos próximos dias.

Em 2020, o SIC registou 332 participações referentes a pessoas supostamente desaparecidas, tendo-se apurado, depois das investigações, que 271 casos foram dissimulações de desaparecimento, “onde se destacam a presença maioritária de jovens do sexo feminino, com idades compreendidas entre 15 a 25 anos, que se ausentaram das residências dos seus tutores sem o conhecimento destes” e entretanto regressaram a casa.

De acordo com Pedro Lufungula, do total de casos, 32 resultaram de negligência ou falta de cuidado, por parte dos tutores em relação aos menores e idosos, que foram mais tarde encontrados por membros dos órgãos de defesa e segurança que os encaminhou aos centros de acolhimento de menores e lares de terceira idade.

“Há ainda a referenciar 29 casos de pessoas dadas como desaparecidas, mas que foram vítimas de ofensas corporais na via pública e de acidentes de viação, das quais cinco resultaram em mortes”, adiantou.

No que se refere aos crimes de rapto, este ano ainda não foi registado nenhum, mas em 2020, ocorreu um caso, em junho, já esclarecido e com um detido, em que foi vítima um cidadão de nacionalidade chinesa.

“Quanto aos crimes de sequestro, este mês registou-se um caso em que foi vítima um cidadão, de 32 anos, de nacionalidade libanesa, ocorrido nas imediações do município de Talatona, esclarecido, com um detido (…), cujo móbil do crime foi a subtração de valores monetários via ATM” (multibanco), frisou.

Perante os factos relatados, Pedro Lufungula afirmou que a situação de criminalidade na capital angolana e no país “é estável e sob controlo dos órgãos de defesa e segurança”.

“Entretanto, pessoas de má-fé e grupos de indivíduos com objetivos inconfessos procuram promover pânico e o sentimento de insegurança no seio das populações, estando em curso ações investigativas com vista à responsabilização criminal dos envolvidos”, disse, apelando à população para denunciar os crimes às autoridades policiais em detrimento da sua propagação nas redes sociais.

A Lusa pediu esclarecimentos, sem sucesso, sobre relatos divulgados também nos últimos dias alusivos ao suposto tráfico de órgãos, na sequência dos alegados sequestros e raptos, tendo o assunto sido remetido para um outro momento.

Na mesma sessão de esclarecimento, foram apresentados seis grupos que se dedicavam à prática de diversos crimes em Luanda, tendo sido detidos parte dos seus integrantes, bem como apreendidos diversos bens em sua posse, nomeadamente sete armas de fogo.

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