Cidadãos angolanos estão preocupados com a subida constante dos preços de bens e serviços de primeira necessidade. Sindicatos dizem que os trabalhadores vão passar o “pior final de ano das suas vidas”.
Nas ruas de Luanda, os mercados formais e informais são preenchidos pelos cidadãos que andam em busca de bens e serviços para a quadra festiva.
Ainda assim, os preços não facilitam os bolsos dos luandeses, como diz João Sérgio, residente da capital angolana, “os preços continuam a subir. O saco de fuba está a 14 mil, mas o de arroz está a 11 mil kwanzas”.
Neto Pequenino, oriundo de Benguela, vive em Luanda há algum tempo e tem um discurso semelhante.
“Está muito caro. Nas praças, nos mercados, nas lojas, todas as coisas estão mesmo caras. Eu não estou a ver uma coisa que já baixou”, queixa-se.
IVA baixa, mas população não sente
Mas o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) baixou de 14% para 7%, uma iniciativa do Governo. Ainda assim, o preço da cesta básica continua alta e cidadãos como João Sérgio dizem que essa redução não se reflete no preço dos bens e serviços de primeira necessidade.
“Se o IVA baixasse, se calhar podia baixar também um pouco o preço dos bens e serviços básicos”, conta.
A redução de 7% do IVA incide sobre produtos e bens como a carne fresca e congelada, peixe congelado e seco, coxa de frango, leite condensado e em pó, margarina, ovos, feijão, batata-doce, entre outros.
Francisco Jacinto, secretário-geral da Central Geral dos Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CG-SILA), também não vê o reflexo da redução do IVA na vida das populações.
“Se quiser ter a certeza disso, vá ao supermercado, que os recebidos que nos entregam nas caixas ainda está a 14%, ao invés de 7%”, diz o sindicalista.
Governo não combate inflação
Recentemente, o Presidente João Lourenço reconheceu o fraco poder de compra das famílias angolanas. “Os trabalhadores vão passar o pior final-de-ano das suas vidas, dada a situação de carência que se agrava por todo o país”, afirma Francisco Jacinto.
O sindicalista termina ao apontar um dedo acusador ao Governo, “esperamos há mais de cinco, seis anos que o Governo ajuste o salário mínimo para compensar a inflação e a perda de poder de compra dos trabalhadores”.