O gabinete de estudos económicos do Banco de Fomento Angola (BFA) prevê que a economia angolana consiga crescer entre 1 a 2% este ano, acima das previsões do Governo e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Em 2021, a recuperação económica vai depender da evolução da pandemia e da rapidez com que as vacinas sejam distribuídas a nível mundial, e particularmente pelos seus efeitos no mercado petrolífero; esperamos um crescimento de 1 a 2% este ano, com a economia petrolífera a contrair-se significativamente, e a economia não petrolífera a começar a mostra uma recuperação mais sólida”, dizem os economistas.
Numa nota de análise sobre a quarta avaliação do FMI ao programa de ajustamento financeiro em curso no país até final do ano, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, o departamento de estudos económicos do BFA salienta que a previsão do FMI para Angola foi cortada de 3,2% para 0,4%, o que compara com a estagnação prevista pelo Governo de Angola.
“A previsão económica do Fundo está alinhada com a do Governo, com o FMI a assumir que os preços do petróleo não ultrapassarão os 50 dólares até 2023, numa estimativa bastante significativa, num tom semelhante ao do executivo angolano”, acrescentam os economistas.
Sobre a avaliação feita pelo FMI ao programa de assistência financeira, no valor de 4,5 mil milhões de dólares, cerca de 3,7 mil milhões de euros, os economistas do BFA consideram que ela mostra que “o FMI continua a apoiar a agenda de reformas do executivo, e é obvio que foi dada uma extraordinária margem relativamente ao cumprimento dos objetivos estruturais, levando em conta o impacto da pandemia”.
A avaliação feita em meados de agosto pelo FMI é bastante positiva para Angola, apesar de ter falhado algumas das metas e dos indicadores acordados, nomeadamente no que diz respeito ao setor financeiro e à prestação do banco central, mas apresentou argumentos considerados válidos pela equipa técnica do FMI.
Sobre os riscos de execução do programa que termina no final do ano, o Fundo considerou, no documento que deu conta da aprovação de um desembolso de perto de 500 milhões de dólares, cerca de 415 milhões de euros, que há “riscos significativos”, principalmente no que diz respeito ao nível de dívida pública, preços do petróleo e ao frágil ambiente económico.
No entanto, afirmam que “para lidar com estes riscos, as autoridades mantiveram o programa nos eixos, nomeadamente apresentando um Orçamento para 2021 prudente, implementando uma estratégia eficaz de gestão da dívida, permitindo que a taxa de câmbio se ajustasse aos choques, perseguindo uma política monetária sã e continuando os progressos em reformas estruturas importantes”.
O FMI piorou a previsão de crescimento para Angola, antecipando uma recuperação de 0,4%, e agravou a dívida pública para 134,2% no ano passado e para 119,9% este ano.
“A dívida pública deverá aumentar de 107% do PIB em 2019 para 134% em 2020; as projeções para 2020 refletem principalmente a depreciação da taxa de câmbio e a queda dos preços do petróleo no seguimento do choque desencadeado pela pandemia de covid-19”, escreveram os colaboradores do FMI no relatório que detalha a análise à quarta revisão do programa de ajustamento financeiro.
Angola está sob assistência técnica e financeira do FMI desde o final de 2018, e vai receber 1,5 mil milhões de dólares até final do ano para lidar com as dificuldades e relançar a economia, para além de aconselhamento técnico na definição das políticas económicas.