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Angola/Benguela: Sindicalista diz que “eleições nas universidades” são essenciais

A greve no ensino superior público em Angola, por tempo indeterminado, tem na questão salarial a principal motivação, mas o Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Superior (SINPES) sublinha que não abdica da exigência para eleições nas universidades como medida para o fim do que chama de incompetência. Professores das universidades públicas continuam em greve e defendem eleição dos reitores, melhores salários e condições de trabalho.

Após o reinício da paralisação, no dia 03 de Janeiro, por alegado incumprimento de promessas do departamento ministerial, o representante do Sindicato dos Professores na segunda região académica, que compreende as províncias de Benguela e do Kwanza Sul, salienta que a nomeação partidárias para os cargos da liderança universitária são a raíz de muitos males.

Outras lacunas descritas no caderno reivindicativo, como a falta de seguro de saúde e fundo para investigação científica, más condições de trabalho e escassez de infra-estruturas, são vistas como reflexo do excesso de partidarização.

À VOA, o sindicalista Silvano Ngumbe diz que as eleições, nesta altura condicionadas a um regulamento que deve ser aprovado pela ministra do Ensino Superior, Ciência e Inovação, podem ser a saída para todos os problemas.

“ O que se passa em Angola é que quem é Magnífico Reitor ou Decano tem de ser do MPLA, mas a verdade é que tem de ser pessoa competente e com habilidade”, disse. “Nem todos do partido no poder são capacitados, estamos a ver Luanda, por exemplo, que já mudou de governador quatro vezes”, acrescentou Ngumbe que recordou ainda que “na sua campanha eleitoral, o próprio Presidente falou em meritocracia e por isso temos de olhar para a sociedade civil e outros partidos políticos”.

Sobre o processo para eleições nas cinco regiões académicas existentes, fonte ligada ao sector dirigido pela ministra Maria do Rosário Sambo sublinha que, em 2020, a eleição do senado, reitores e decanos esteve condicionada à aprovação de normas.

Actualmente, segundo a mesma fonte, o modelo é rejeitado por não dar abertura à candidatura de qualquer docente.

Quanto à vertente salarial, já se sabe que a pretensão dos grevistas é de um salário equivalente a cinco mil dólares para o professor catedrático e dois mil para o assistente estagiário.

Sem mais elementos para acrescentar, Silvano Ngumbe usa a Administração Geral Tributária (AGT) para caracterizar um cenário que considera inadmissível.

“O senhor pode não acreditar, mas uma trabalhadora de limpeza da AGT chega a ganhar duas vezes mais do que um professor universitário, isso não pode”, lamenta.

O Ministério do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia ainda não reagiu ao reinício da greve dos professores.

 

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