O primeiro-secretário do MPLA em Luanda, Bento Bento, aponta o dedo à UNITA e pede ao maior partido da oposição angolana esclarecimentos sobre o incêndio de que foi alvo a sede do seu Comité de Acção no bairro do Benfica, nesta segunda-feira, 10. Bento Bento diz que nos distúrbios estavam pessoas com indumentárias da UNITA, cujo secretário provincial Nelito Ekuikui fala em “cabala política” do MPLA.
O secretário provincial da UNITA, Nelito Ekukui, já reagiu, criticando a inércia da polícia e a indicar que tudo pode ter sido uma “cabala política” do regime para incriminar o seu partido.
O edifício foi alvo da fúria de residentes que também incendiaram um autocarro do Ministério da Saúde.
A Polícia Nacional (PN) deteve 17 pessoas.
A UNITA reagiu entretanto afirmando que os connrontos são entre o povo e o MPLA e a UNITA nada teve a ver com os incidentes.
Os tumultos aconteceram no dia em que teve início uma greve convocada pela Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA), a Associação dos Taxistas de Angola (ATA) e a Associação dos Taxistas de Luanda (ATL) e estendeu-se a várias províncias do país.
Os taxistas negaram qualquer ligação à vandalização da sede do MPLA e do fogo posto a um autocarro do Ministério da Saúde.
“Nós estamos aqui, como nos vê e não temos nada a ver com a queima deste comité nem do autocarro”, disse à VOA Domingos Victor, um dos grevistas que, no entanto, admite que “os cidadãos estão furiosos por andarem a pé e decidiram queimar o autocarro e o comité do MPLA”.
Filipe Cumandala, director provincial dos Transportes, Tráfego e Mobilidade Urbana de Luanda, lamentou o facto de “infelizmente” terem danificado o autocarro do Ministério da Saúde.
Falta de táxi
Os cidadãos, no entanto, sentiram na pele os efeitos da greve dos taxistas.
“São 10 horas, desde as 6 horas estou na luta por um táxi e não consigo” contou Afonso David, funcionário público que decidiu regressar à casa “porque não posso estar debaixo destes tiros tipo no tempo de guerra”.
Na base da greve, os taxistas queixam-se do excesso de zelo dos agentes policiais de que são alvo e do mau estado das estradas. Eles também exigem a profissionalização da actividade e a formalização do anúncio do regresso à lotação a 100% dos transportes coletivos, feito na sexta-feira passada pelo ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República, Francisco Furtado.