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Angola: Bispo de Benguela critica “abandono da urbanização” para vítimas das enxurradas de 2015

Numa exortação dirigida às autoridades angolanas, no último final de semana, o bispo da Diocese de Benguela, Dom António Francisco, criticou a situação das mais de 350 famílias vítimas das cheias de 2015, ainda em casas inacabadas, sem electricidade, água, transporte e com falta de alimentos. Pobreza força regresso a zonas de risco, mas plano de emergência pode solucionar falta de água

Famílias que se sentem votadas ao abandono a 22 quilómetros da cidade do Lobito começam a regressar às chamadas zonas de risco, também na Catumbela, onde as últimas chuvas, registadas há duas semanas, destruíram mais de 60 casas.

Em permanente contacto com as cerca de duas mil pessoas na urbanização dos Cabrais, onde pernoitou recentemente, o activista cívico Eduardo Ngumbe apresenta um quadro desolador, principalmente em relação aos idosos ali instalados.

“Eles dizem que não dá para fazer negócios porque não há capacidade de compra. A solução é regressar ao risco. Portanto, foi triste ver a chuva a fazer estragos em casas não acabadas, a queda de paredes atingiu as mais velhas’’, relata o activista.

O padre António Caloia, anfitrião na visita de Dom António Jaca, lembrou que as promessas de há seis anos apontavam para casas concluídas.

“Mas, infelizmente, nos deram casas inacabadas … tempos ainda muita fome e pobreza. Pedimos a quem de direito que, pelo menos, sejam concluídas as casas’’, pede o padre.

Este apelo é reforçado pelo bispo da Diocese de Benguela, igualmente secretário-geral da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST).

“Seguramente são muitas as dificuldades por que passeis, era um projecto muito bonito, mas só no papel. Espero que seja feito na prática, para o bem-estar, para que as crianças possam estudar e crescer em segurança’’, deseja o bispo de Benguela, Dom António Jaca.

Quanto ao abastecimento de água, Benguela e Lobito vão contar, ainda este ano, com um plano de emergência, assente na recuperação da capacidade perdida, antes da chegada da terceira fase do Projecto de Águas.

As zonas altas, que são o canal para os Cabrais, exigem tal operação, conforme explica o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges.

“O fundamental é reabilitar componentes do sistema que estão neste momento fora de serviço. Aqui no Lobito, em particular, porque temos zonas altas onde a água não chega sem sistemas de bombagem que estejam a funcionar em pleno’’, garante o governante.

Depois da tragédia de 2015, saldada em mais de 80 mortos e milhares de desalojados, as autoridades prometeram construir 1.700 casas para famílias em zonas de risco.

Numa destas zonas, o bairro 11 de Março, na Catumbela, as chuvas destruíram mais de 60 casas nos últimos dias.

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