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Angola/Cabinda: Deputado da CASA-CE reafirma “críticas” à Frente para a Libertação do Enclave (FLEC)

Abel Xavier Lubota não recua diante das reações de indignação perante as suas declarações em relação à FLEC. Críticos acusam-no de se ter esquecido do papel do Governo angolano no deterioramento da situação em Cabinda.

“Deputado da CASA-CE acusa FLEC de ser a causadora dos problemas que Cabinda vive” é o título da entrevista de Abel Xavier Lubota ao jornal angolano “O País”.

O artigo foi publicado há mais de um mês, mas continua a dar que falar nas redes sociais. O deputado, eleito pelo círculo eleitoral de Cabinda, é acusado de menosprezar os interesses da população no enclave.

Na entrevista, Xavier Lubota aponta o dedo à Frente para a Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC), dizendo que os seus responsáveis nunca conseguiram ler os sinais do tempo e contribuíram para a desgraça do povo cabindense.

Indignação

O ativista Alexandre Fernandes Ncasso discorda. Para Ncasso, o deputado “não fez uma análise racional, pois a FLEC está aí para defender os interesses de Cabinda”.

“Talvez ele esteja à procura de algum benefício qualquer”, acusa o ativista.

Belchior Taty, secretário-geral da Frente Consensual de Cabinda entende que o político da CASA-CE perdeu uma oportunidade para falar nos problemas do Governo do MPLA. A insatisfação popular crescente em Cabinda tem a ver com os governantes angolanos e não com a FLEC, refere Taty.

“Até como deputado, não deveria falar sobre a FLEC, mas sim das injustiças da governação angolana em Cabinda, ou talvez ele não saiba situar-se como deputado”, dispara.

Deputado não recua

Mas, em declarações à DW África, o deputado Abel Xavier Lubota repete aquilo que já afirmou ao jornal “O País”. Com exceção, talvez, do título.

“O título do jornal não condiz com o que eu disse, mas o resto do conteúdo eu assumo. Até um intelectual, quando for a ler, dará conta que tenho razão”, reitera o político.

O que Lubota disse no resto da entrevista ao “País” é o seguinte: que os políticos de Cabinda preferem ser ativistas, mas “ninguém sabe quando é que [a] luta termina”. E a região precisa de soluções “concretas e imediatas”, que devem ser discutidas em espaços legais próprios.

Afirma também que “seria uma traição muito grande para um político cabindense prometer ao povo de Cabinda que, para estar feliz […], deve esperar a independência”.

“Agora, se alguma vez eu já falei da FLEC como terroristas, volto mais uma vez a dizer que não são as minhas palavras, mas uma constatação da comunidade internacional”, remata Lubota à DW África.

Em janeiro, houve nas redes sociais relatos de confrontos entre o braço armado da FLEC e as forças angolanas. O Governo não confirmou, nem desmentiu as informações.

Ao todo, a província de Cabinda conta com cinco deputados na Assembleia Nacional – dois do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), dois da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE) e um da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).

 

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