O partido no poder em Angola, o MPLA, em Cabinda, pediu que a juventude faça uso adequado das redes sociais em época pré-eleitoral, quando “chovem” publicações a criticarem ações do partido.
O partido no poder em Angola desde 1975, MPLA, denunciou recentemente a existência do que considera serem campanhas de mentiras e difamação que visam atingir a imagem do partido, a honra e o bom nome dos seus dirigentes.
Hoje, as redes sociais são vistas como uma ameaça para alguns partidos e também um ganho para outros. Os mais jovens preferem estar conectados a este mundo virtual onde exercem o seu ativismo e expõem a sua opinião em relação a vários temas candentes do país.
O segundo secretário provincial do MPLA, em Cabinda, Alberto David, que falava num encontro com a juventude do seu partido, apelou para um bom uso das redes sociais.
“Contamos com uma presença mais efetiva da juventude nas redes sociais. Atualmente palco por excelência de todos os jovens, onde a nossa mensagem, quer escrita, imagens, áudio ou vídeo, deve fincar em defesa dos ideais do nosso partido”, disse.
Já a secretária da Juventude do Movimento Popular de Libertação de Angola (JMPLA), Suzete Velasco, que falava em alusão ao aniversário daquela organização, reafirmou que “a JMPLA em Cabinda não vai baixar a guarda face às más intenções de alguns jovens que ainda não perceberam o atual rumo do país e insistem em desobediência social nessa região onde a confiança do povo é depositada ao MPLA e ao camarada presidente e todos angolanos”.
Violação da liberdade de expressão
Muitos ativistas em Cabinda usam as redes sociais para expôrem as suas opiniões.
Jeovanny Ventura, coordenador do Núcleo de Ativistas de Cabinda (NAC), diz que o MPLA não tem que se queixar porque só está a colher aquilo que plantou.
“As redes sociais vieram dinamizar o ativismo ou qualquer forma de manifestação ou ainda de protesto no seio da juventude uma vez que as autoridades locais não permitem a realização de manifestações. E o MPLA não quer, mas isto passa a ser uma violação da liberdade de expressão plasmada na Constituição angolana”, denuncia.
Ventura vai mais longe e afirma: “O MPLA hoje tem um trabalho de lavagem de imagem internacional e nós como ativistas temos amizades em toda parte do mundo e eles vêm o que nós publicamos e isto inquieta o partido no poder”.
Medo da verdade
Alexandre Nkuanga Nsito, presidente da Associação para Desenvolvimento dos Direitos Humanos, entende que o MPLA tem medo da verdade e acusa o partido de reprimir as liberdades do povo.
Recentemente o presidente do grupo parlamentar do MPLA, Virgílio de Fontes Pereira, deplorou em Cabinda a atitude dos que apelidou de “detratores” pela onda de desinformação que estariam a promover nas redes sociais, contra o partido, acusando-a de antidemocrática.
Um alegado áudio de Dom Belmiro Chissengueti, bispo de Cabinda, que também é porta-voz da CEAST (Conferência Episcopal de Angola e São Tomé), tornou-se viral nas redes sociais.
No áudio, o bispo alegadamente criticava as viagens para o exterior de vários dirigentes angolanos, considerando-as um desperdício de fundos públicos.