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Angola/Cabinda: Organizações preparam “encontro” para negociar situação no enclave

Organizações de Cabinda mantêm encontros constantes com vista à preparação de um encontro inter-cabindês. Evento deverá realizar-se nos próximos dias e visa definir consensos com o Governo sobre enclave, revelam fontes.

A busca de uma solução para a situação de Cabinda está a ganhar um novo ímpeto com movimentos políticos e civis que decidiram unir-se e preparar estratégias, desta vez, contando com apoio de um general na reforma, José Sumbo, ligado ao partido no poder – o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) – que passará a ser o facilitador.

A ideia dos independentistas surge em virtude de existirem encontros exploratórios entre o Governo angolano e alguns líderes de movimentos políticos cabindenses que desejam ver uma Cabinda mais virada para os seus.

Belchor Lanzi Tati, Presidente da Frente Consensual de Cabinda (FCC), defende que é preciso colocar um ponto final aos encontros singulares e buscar convergências para que se atinja a autodeterminação do povo de Cabinda.

“O fundamental é cada um conhecer os métodos, princípios e estratégias para se atingir a autodeterminação do povo de Cabinda. Portanto, o nosso objetivo é  voltarmos a receber a gestão anterior que os nossos antepassados deixaram”, diz.

É possível um consenso?

As organizações locais pretendem sentar à mesa num encontro denominado inter-cabindês os movimentos separatistas FLEC e o Governo para em conjunto encontrarem um consenso. No entanto, o Presidente angolano, João Lourenço, esteve em abril em Cabinda e nem uma palavra disse sobre uma maior autonomia da região.

Segundo os líderes dessas organizações, a intenção passa também por ouvir algumas individualidades que estejam na diáspora, porque a ideia é contar com todos.

Já em maio, a Frente para a Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) instou o Presidente do Congo e a comunidade internacional a organizarem um referendo de autodeterminação da província e pediu ao Papa para persuadir Luanda a aceitá-lo.

Maurício Ngimbi, presidente da União dos Cabindenses para a Independência (UCI), afirma que, a concretizar-se um encontro entre organizações e Governo, e se as propostas forem aceites, a província de Cabinda viverá novas configurações políticas, sociais e até económicas.

“Predispomo-nos a trabalhar de mãos dadas com as demais sensibilidades, de modo a juntar sinergias no que concerne ao encontro de uma solução para Cabinda, que trará consigo configurações políticas e sociais, acompanhadas de dignidade, liberdade  e identidade para o povo cabindês”, referiu.

Já o general na reforma José Sumbo, que assume a figura de facilitador entre as organizações e o Governo em Luanda, diz que a convergência de ideias que se pretende consiste em encontrar soluções, e que, em momento algum, as organizações se vão  desvirtuar dos seus ideais.

“O que se procura (…) é a aproximação. O epicentro desses encontros é a união na diversidade. Apesar de cada organização e sensibilidade defender os seus ideais, entendemos nós que realmente a união é possível”, comenta.

Angariação de meios financeiros

Para Arão Bula Tempo, presidente do Movimento de Reunificação do Povo de Cabinda para a sua Soberania, a resolução do problema de Cabinda é sensível a todos.

“Temos o pleno conhecimento e consciência de que o problema de Cabinda tem a ver com todos aqueles que nele vivem, e não só, e que pretendem uma solução pacífica”, sublinhou.

O desafio para os movimentos cabindenses neste momento passa pela angariação de meios financeiros para a concretização do encontro que se deve realizar ainda no primeiro semestre deste ano fora de Angola.

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