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Angola/Cabinda: UNITA alega “boicote” após Governo notificar escolas a organizar excursão no dia de ato da oposição

Em Cabinda, UNITA alega que MPLA, partido no poder, tenta boicotar ato de massas programado para hoje, no Campo de Chiweca, ao coagir alunos e professores a participar de excursão escolar. Estudantes descrevem situação.

De acordo os denunciantes, depois de se tornar público que o Adalberto Costa Júnior iria dirigir um comício em Cabinda, no campo do Chiweca, várias instituições de ensino foram notificadas a realizar urgentemente uma excursão (convívio de alunos, professores e pessoal administrativo) para saudar o encerramento do ano letivo.

Após a notificação, o deputado da União Total para a Independência de Angola (UNITA), Raul Tati, usou a sua conta do Facebook, para fazer tal denúncia.

“Não sei se devo acreditar ou não – mas estou a receber informações de várias pessoas que dão conta que as escolas em Cabinda foram orientadas a organizar um encerramento alusiva ao fim de ano”, disse.

“Em pleno sábado”

“Sinceramente! em pleno sábado? Isso são artimanhas conhecidas do regime para atrapalhar, ou impedir, os estudantes de irem no ato de massas da UNITA”, disse.

O secretário para a informação do referido movimento em Cabinda, João Manuel, disse que o MPLA e o Governo estão a inviabilizar a realização de encontros de massas, ao imporem restrições nas agendas dos professores e alunos no dia de ato.

“Mas o que o MPLA quer com o povo de Cabinda? Sempre a inventarem atividades para impedir que as pessoas possam se fazer ao ato de massas. Estamos a receber muita pressão, mas não vamos ceder”, afirmou.

Já o deputado independente Lourenço Lumingo questionou “desde quando não participar de uma atividade extra-escolar é de carácter obrigatória?”.

Liberdade de escolha 

Segundo a UNITA, tais obstáculos não apenas inviabilizam a atividade partidária do movimento, mas impedem a liberdade de escolha de muitos professores e alunos.

Fontes estudantis questionadas pela DW África descreveram a situação. “Infelizmente, tinha algo programado este sábado, mas tive de adiar porque nos obrigaram a participar na atividade da escola”, explicou.

“Como não quero ser prejudicada, terei de estar mesmo na escola”, disse.

Outro estudante disse achar “normal, até porque depois da pandemia estamos a voltar as atividades. Mas é estranha [a organização da excursão], porque ainda não fizemos as provas finais”.

Segundo as fontes, a atividade programada hoje pelas instituições visa exatamente impedir que os alunos e professores não se façam presentes no ato.

Documentos

Em documentos a circular nas redes sociais constam descrições e assinaturas de diretores a dar conta da presença dos professores, alunos e pessoal administrativo nas excursões.

Quem não se fizesse presente, seria sancionado. Segundo o documento datado de 09 de junho de 2022, lê-se que a participação na atividade escolar no dia 11 de junho é “obrigatória, passível de marcação de falta”.

Um dos professores da escola Saydi Mingas confirmou a existência deste tipo de atividade e disse que se recusou a participar da mesma.

“Sei os riscos de não fazer parte dessa atividade. Mas também não posso me sentir obrigado a ir numa atividade só porque eles assim o querem”, desabafou.

A DW África procurou o Gabinete de Comunicação Social do Governo da Província de Cabinda, que entretanto nega um suposto boicote da atividade da UNITA no local.

O partido MPLA em Cabinda não prestou declarações sobre a acusação.

 

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