O advogado Salvador Freire considerou hoje um “preso político” o líder do Movimento do Protetorado Português Lunda Tchokwe (MPPLT), detido em Luanda desde 8 de fevereiro, na sequência dos incidentes de Cafunfo
Segundo o advogado de José Mateus “Zeca Mutchima”, o seu cliente não tem qualquer acusação formal, “não há nada que o acuse como mentor de uma rebelião armada, que haja envolvimento de estrangeiros e que tinham intenção de dividir o país”.
“Não é verdade, a única coisa que leva Zeca Mutchima e os seus correligionários presos é por simples facto de terem realizado uma manifestação”, afirmou hoje Salvador Freire, em entrevista à Lusa.
José Mateus “Zeca Mutchima” está detido em Luanda pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), desde o passado dia 08 de fevereiro, indiciado pelos crimes de “associação de malfeitores e rebelião armada”.
Segundo a polícia angolana, cerca de 300 pessoas ligadas ao MPPLT, que há anos defende autonomia daquela região rica em recursos minerais, tentaram invadir, na madrugada de 30 de janeiro, uma esquadra policial de Cafunfo, província angolana da Lunda Norte, e em defesa as foras de ordem e segurança atingiram mortalmente seis pessoas.
A versão policial é contrariada pelos dirigentes do MPPLT, partidos políticos na oposição e sociedade civil local que falam em mais de uma dezena de mortos.
Zeca Mutchima é apontado pelas autoridades como cabecilha deste alegado “ato de rebelião” que para os cidadãos locais era “manifestação pacífica”.
Hoje, o seu advogado reiterou que as acusações contra o seu constituinte estão eivadas de “inverdades”, porque Zeca Mutchima “nunca esteve na Lunda Norte, onde lhe está a ser movido um processo”.
O MPPLT “é um grupo de cidadãos angolanos, não tem no seu seio estrangeiros como muita gente pretende insinuar, não é um grupo armado, é um grupo cívico de cidadãos que realizam várias manifestações desde a era do antigo Presidente angolano”, indicou.
De acordo com Salvador Freire, Zeca Mutchima continua detido em Luanda à espera que seja encaminhado para o SIC de Lunda Norte, mas, notou, as “autoridades não conseguem informar” porque que o mesmo continua na capital angolana.
“E estamos preocupados na qualidade de advogados”, realçou.
O causídico tem falado regularmente com o seu cliente e que já foi requerido um habeas corpus para que o mesmo responda às acusações em liberdade.
“Esse é o nosso objetivo, por enquanto mantém-se aqui em Luanda e não sabemos quando é que vai para a Lunda Norte”, rematou Salvador Freire, também presidente da associação cívica defensora dos direitos humanos “Mãos Livres”.